
A atividade econômica nos Estados Unidos (EUA) perdeu fôlego em junho, de acordo com dados preliminares divulgados nesta segunda-feira (23) pela S&P Global. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto, que agrega os setores de serviços e industrial, caiu de 53,0 em maio para 52,8 pontos neste mês — a leitura mais fraca dos últimos dois meses, embora ainda em território de expansão (acima dos 50 pontos).
Segundo a S&P Global, a principal causa para o arrefecimento foi a queda nas exportações de bens e serviços, que atuou como um entrave à expansão da atividade.
O movimento foi compensado apenas parcialmente por aumentos nos estoques, o que indica preocupações crescentes com tarifas e custos logísticos.
“A queda das exportações atuou como freio ao crescimento, em parte compensada pelo aumento de estoques por empresas americanas, frequentemente associado a preocupações com tarifas”, explicou Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global.
Setor de serviços desacelera
O PMI de serviços, que responde por grande parte da economia americana, caiu de 53,7 em maio para 53,1 pontos em junho, também atingindo o nível mais baixo dos últimos dois meses.
A desaceleração aponta para um ritmo de crescimento mais contido nas atividades ligadas ao consumo e atendimento.
Já o PMI industrial ficou estável em 52 pontos na leitura final de junho, mostrando pequena queda frente aos 52,3 pontos registrados em maio.
Tarifas elevam custos e pressionam inflação nos EUA
A pesquisa aponta que os preços dos insumos e os preços de venda subiram de forma acentuada, tanto na indústria quanto nos serviços. Foi o ritmo mais forte de alta desde julho de 2022, segundo a S&P Global.
Cerca de dois terços dos fabricantes que relataram aumento de custos atribuíram o problema às tarifas comerciais, o que reacende preocupações sobre os efeitos inflacionários de políticas protecionistas.
Além disso, mais da metade das empresas afirmou que os preços de venda subiram devido às tarifas impostas a insumos importados.
No setor de serviços, os aumentos de preços foram atribuídos não apenas às tarifas, mas também a custos com salários, financiamento e combustível — um tripé de pressões que dificulta o alívio inflacionário no curto prazo.
O que isso significa para os mercados?
A leitura mais fraca dos PMIs pode reforçar o sentimento de desaceleração econômica moderada nos EUA, ao mesmo tempo em que o repasse de custos sinaliza persistência inflacionária, especialmente nos setores sensíveis às tarifas.
Esse cenário tende a complicar o trabalho do Federal Reserve (FED), que monitora de perto os dados de atividade e inflação para definir seus próximos passos na política de juros.