
- Cade aprovou sem restrições a proposta de Nelson Tanure para assumir o controle da Braskem
- Operação envolve a aquisição da holding NSP, que detém 50,1% das ações com voto da Braskem
- Mercado reage positivamente, com leve alta das ações e expectativa por novos desdobramentos
A novela da sucessão no controle da Braskem (BRKM5) ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira (17), com aval da Superintendência-Geral do Cade para a proposta do empresário Nelson Tanure. Sendo assim, o Cade aprovou sem restrições a operação que pode mudar o comando da maior petroquímica da América Latina.
Desse modo, segundo comunicado divulgado pela Braskem, a autorização diz respeito à aquisição da NSP Investimentos, holding da Novonor (ex-Odebrecht), que detém 50,1% das ações com direito a voto na companhia. O movimento é visto pelo mercado como decisivo para destravar valor na empresa.
Cade libera operação de controle
A proposta liderada por Tanure, via o fundo Petroquímica Verde FIP, mira o controle efetivo da Braskem por meio da compra da participação da Novonor. A NSP é hoje a principal acionista da companhia, com poder direto nas decisões estratégicas. A aprovação do Cade sem restrições indica que, do ponto de vista concorrencial, não há obstáculos para a transação.
Além disso, a sinalização positiva da autoridade antitruste foi recebida com alívio pelo mercado. Por volta das 13h41, as ações da Braskem subiam 0,32%, em um dia de instabilidade na bolsa. A leitura predominante é de que, com o avanço do processo, aumenta a probabilidade de mudanças na governança e reestruturações internas na empresa.
Portanto, o aval do Cade não encerra a operação, mas representa um passo fundamental para a sua concretização. A expectativa agora gira em torno das tratativas entre Tanure e os credores da Novonor, cuja aprovação é peça-chave para viabilizar o negócio.
Mercado vê avanço estratégico
O interesse de Nelson Tanure na Braskem vem sendo acompanhado de perto desde 2023. Conhecido por atuar em movimentos de reestruturação e tomada de controle em empresas estratégicas, o empresário aposta na valorização da petroquímica por meio de ajustes na gestão e posicionamento de mercado.
Ademais, a Braskem, que passou por uma série de desafios nos últimos anos, incluindo problemas ambientais e dificuldades financeiras da Novonor, vê na mudança de controle uma oportunidade de virar a página. A entrada de um novo controlador com visão de longo prazo é vista por analistas como positiva para a recuperação da companhia.
Além disso, há expectativa de que Tanure possa buscar sinergias, atrair novos investidores e até mesmo viabilizar a venda futura da empresa em condições mais favoráveis. Portanto, para muitos players do mercado, essa movimentação abre espaço para uma reprecificação das ações, que ainda estão distantes dos níveis anteriores à crise da controladora.
Próximos passos e incertezas
Apesar do avanço, o negócio ainda precisa superar obstáculos. O principal deles é a dívida bilionária da Novonor, que depende de negociações com bancos e fundos credores. Tanure tem buscado estruturar a operação de forma a atender os interesses desses agentes e garantir a transferência do controle sem gerar litígios.
Além disso, o apoio da Petrobras, que também é acionista relevante na Braskem, será outro fator decisivo no processo. Embora a estatal tenha preferido manter uma postura discreta até aqui, sua influência no conselho e na governança corporativa será crucial para qualquer mudança relevante.
Por fim, a conclusão do negócio ainda não tem data definida. Desse modo, a tendência é de que as próximas semanas sejam decisivas para definir o futuro da petroquímica.