Risco de retaliação

Tarifaço bate à porta e Embraer (EMBR3) pode ser a próxima vítima

Governo brasileiro tenta convencer Trump a poupar a fabricante do aumento de 50% nas tarifas de exportação.

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  • Ações da Embraer sobem 3,14%: mercado aposta que empresa escapará do tarifaço de Trump.
  • Governo atua nos bastidores: Brasil tenta isentar alimentos e aeronaves das tarifas de 50%.
  • Risco estrutural persiste: exclusão temporária alivia pressão, mas não encerra tensões comerciais.

Enquanto as ações da Embraer (EMBR3) avançavam 3,14% por volta das 11h33 desta terça-feira (29), nos bastidores, Brasília se mobilizava com urgência. A razão? Tentar salvar a fabricante aeronáutica de um dos maiores ataques comerciais já anunciados por Washington contra o Brasil.

De acordo com informações divulgadas pelo colunista Valdo Cruz, do portal G1, o governo Lula tenta convencer os Estados Unidos a isentar pelo menos duas categorias do tarifaço de 50% prometido por Donald Trump: alimentos e aeronaves da Embraer.

Estratégia do Itamaraty tenta proteger exportações

A movimentação diplomática ocorre dias antes da entrada em vigor das novas tarifas, previstas para esta sexta-feira. Embora ainda sem garantias formais, fontes do governo afirmam que há uma tentativa de negociação direta com interlocutores da Casa Branca.

Os alimentos e os jatos da Embraer foram escolhidos como prioridades por dois motivos principais: alto impacto econômico e sensibilidade política. No caso da Embraer, a empresa é uma das maiores exportadoras brasileiras de alto valor agregado e tem presença importante no mercado norte-americano.

Manter o canal aberto com os EUA virou uma questão estratégica para o Itamaraty. Além disso, o governo espera que a boa relação comercial construída com empresas e compradores americanos possa pesar na balança.

Mercado reage com otimismo contido

O desempenho positivo das ações da Embraer nesta manhã reflete a expectativa de que a empresa consiga escapar do tarifaço, pelo menos nesta fase inicial. Investidores acreditam que, se a fabricante for de fato poupada, poderá manter seu ritmo de entregas e receitas internacionais.

No entanto, analistas também alertam que a exclusão temporária não resolve o problema estrutural da escalada protecionista. A ameaça permanece, e o mercado sabe disso. Por isso, embora a alta seja expressiva, o otimismo ainda vem com ressalvas.

Ainda assim, a simples sinalização de que o Brasil tenta proteger empresas estratégicas como a Embraer pode ser vista como um ponto positivo na interlocução internacional.

Impacto da Embraer no comércio e na política externa

A Embraer ocupa um papel central nas exportações brasileiras de manufaturados e representa uma vitrine da capacidade tecnológica nacional. Além disso, a empresa tem contratos relevantes com companhias norte-americanas e acordos bilaterais em andamento.

Proteger sua atuação no mercado dos EUA, portanto, vai além da pauta comercial. Trata-se de preservar uma das poucas marcas globais que o Brasil possui em setores de alto valor tecnológico.

No plano político, o governo pode vender internamente a exclusão da Embraer das tarifas como vitória diplomática. Para o governo Lula, esse seria um contraponto importante às críticas que vêm se acumulando sobre sua condução da política externa.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.