
- Embraer lidera perdas com queda de 8,2% e 60% da receita ligada aos EUA
- Ações de empresas como Minerva, Suzano e Cosan também recuam forte
- Analistas recomendam manter posição no longo prazo e focar em resiliência
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pegou o mercado de surpresa e derrubou ações de empresas exportadoras nesta quinta-feira (10). Sendo assim, osetor industrial, especialmente o aeroespacial e o agroalimentar, sentiu os efeitos quase imediatos da medida.
Nesse sentido, os papéis da Embraer (EMBR3), por exemplo, caíram mais de 8% no intraday, refletindo a forte dependência da companhia em relação ao mercado americano. Já as ações da Minerva (BEEF3), que exporta carne bovina, recuaram 4,9% no mesmo período. Ambas lideram a lista de companhias mais afetadas pela nova tarifa, segundo levantamento da XP.
Embraer pode perder margens; frigoríficos e papel sofrem impacto direto
Para analistas do BTG Pactual, a Embraer será a principal prejudicada. Os EUA respondem por cerca de 60% das vendas da empresa na aviação comercial e executiva. “O jato E1, por exemplo, não possui substituto direto no mercado americano. Mesmo assim, um aumento de 50% nas tarifas é um desafio enorme para o negócio”, diz o relatório.
Além disso, a XP Investimentos estima que a cada 10 pontos percentuais de tarifa, a Embraer pode perder até 15% do lucro operacional (Ebit). Além disso, o UBS BB projeta uma redução de 13% na margem líquida em 2026 com o impacto tarifário. Outro risco é o adiantamento de entregas e represamento de demanda.
No setor de proteínas, a Minerva também preocupa. Segundo Gianluca Di Mattina, da Hike Capital, 40% das exportações da companhia têm os EUA como destino. O risco está na perda de competitividade frente a empresas locais, como a Tyson Foods. Além disso, estoques podem se acumular e margens sofrer pressão nos próximos trimestres.
Suzano, Cosan e Azzas entram no radar dos analistas
No setor de papel e celulose, a Suzano (SUZB3) caiu 0,02%, mesmo com 16,6% da receita atrelada aos EUA. Analistas do Citi e do BTG alertam que o principal risco está em redirecionar os volumes para outras regiões, em um momento de baixa demanda global, especialmente na China.
Apesar disso, os preços atuais da celulose podem ajudar a conter os impactos financeiros. O Citi estima que, no médio prazo, a empresa tenha flexibilidade logística e escala global para absorver parte das perdas. A Cosan (CSAN3), com 6% da receita vinda dos EUA, também recuou quase 4%.
Desse modo, entre as companhias com menor exposição, a Azzas (AZZA3) pode ter perda de até 7% no lucro líquido em 2026, segundo estimativas do Citi. A Alpargatas (ALPA4), com 4% da receita nos EUA, também está na lista, com recuo de 2,4% nas ações nesta quinta.
E agora? Veja o que recomendam os especialistas para investidores
Com o aumento da incerteza, analistas recomendam cautela. Segundo Humberto Aillon, da Fipecafi, quem já está posicionado deve manter as ações, desde que tenha visão de longo prazo. “É melhor aguardar e observar os desdobramentos antes de tomar decisões precipitadas”, afirma.
Ademais, para novos investidores, o momento exige paciência. Felipe Sant’Anna, da Axia Investing, aconselha dolarizar parte da carteira como proteção. “A força do dólar em momentos de tensão mostra que ele continua sendo um ativo de segurança global”, ressalta.
Portanto, Jeff Patzlaff, planejador financeiro, projeta que as tarifas podem durar até o fim do primeiro semestre de 2026, quando o cenário político americano pode mudar. Até lá, a recomendação é focar em resiliência, diversificação e qualidade na carteira.