
- Exportações de café recuaram 31% em agosto com tarifa de 50% dos EUA
- Na bolsa, impacto é indireto: BBAS3 (crédito agro), Raízen (logística) e CRAs podem sentir pressão
- Maior oferta doméstica pode segurar preços internos e aliviar inflação de alimentos
As exportações brasileiras de café em grão despencaram 31% em agosto, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do MDIC, divulgados na última quinta-feira (4). O tombo está ligado às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos, em vigor desde 6 de agosto.
O setor também registrou queda de 4,5% no preço médio, ampliando as perdas. Ainda assim, os EUA seguem como principal destino, absorvendo 12,5% dos embarques no mês e 15,45% no acumulado do ano.
Impacto limitado em ações listadas
Na B3, não há grandes exportadoras puras de café com capital aberto, o que reduz o efeito direto sobre ações. Entretanto, analistas apontam possíveis reflexos indiretos:
- Banco do Brasil (BBAS3) e outras instituições expostas ao crédito agrícola podem enfrentar maior pressão caso a inadimplência de produtores de café avance.
- Raízen (RAIZ4) e empresas de logística ligadas ao escoamento agrícola podem ter ajustes de fluxo, já que o redirecionamento das cargas para mercados alternativos, como México e Argentina, exige adaptação logística.
- Fundos de recebíveis (CRAs) lastreados no setor cafeeiro podem sofrer revisões de risco em função da queda da rentabilidade exportadora.
Efeito nos preços internos e no consumidor
Para o mercado doméstico, a tendência inicial é de maior oferta de café no Brasil. Se parte da produção não conseguir ser exportada, os preços no varejo podem ficar mais estáveis, ajudando a conter pressões inflacionárias em alimentos.
Contudo, especialistas lembram que a commodity é precificada globalmente. A estratégia dos exportadores será crucial: redirecionar vendas para China, México e Europa pode compensar as perdas nos EUA, mas exige novos acordos comerciais.
O saldo da balança
Mesmo com o tarifaço, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 6,1 bilhões em agosto, alta de 35,8% frente ao mesmo mês de 2024.
As vendas totais para os EUA caíram 18,5%, mas foram parcialmente compensadas pelo aumento de 29,9% das exportações para a China e de 43,8% para o México.