Impacto externo

Tarifas de Trump viram alerta para quem vive de dividendos no Brasil

Especialistas analisam quais ações podem ser mais atingidas — e quais seguem baratas e atrativas para o investidor de longo prazo.

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Dividendos
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  • Ações de dividendos não despencaram após anúncio de Trump
  • Petrobras, Vale, Klabin e BB seguem resilientes, segundo analistas
  • Alta dos dividendos segue firme e pode abrir novas oportunidades

A decisão de Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil acendeu um sinal de alerta no mercado financeiro. Contudo, o impacto sobre as ações mais procuradas por quem vive de dividendos foi bem mais ameno do que se imaginava.

Em vez de um tombo generalizado, o Ibovespa caiu apenas 0,54% no dia seguinte ao anúncio. A queda foi compensada pela alta de papéis como Vale (VALE3), enquanto ações como Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) recuaram pouco ou nada, mostrando resiliência diante do risco externo.

Dividendos seguem atrativos mesmo com incerteza

Embora o cenário internacional traga incertezas, analistas apontam que as principais empresas pagadoras de dividendos continuam em posição sólida. Isso se deve, em parte, ao fato de que muitas delas têm exposição limitada às exportações para os Estados Unidos. Um bom exemplo é a Petrobras, que tem apenas 4% de sua receita de petróleo ligada ao mercado norte-americano.

Além disso, como destacam especialistas como Vitor Sousa e Jayme Simão, a companhia pode redirecionar facilmente seus embarques para países como China e Cingapura. Isso explica por que as ações da estatal caíram apenas 0,25% no pregão do dia 10 de julho, mesmo com o clima de apreensão.

Na visão de Ricardo França, da Ágora Investimentos, empresas com histórico de lucros consistentes tendem a passar por esse tipo de turbulência com muito mais estabilidade. Ou seja, quem investe pensando nos proventos não precisa rever sua estratégia imediatamente.

Ações com desconto: hora de aproveitar?

Entre as empresas mais indicadas para dividendos, a lista traz nomes como Vale, Klabin, Banco do Brasil e Unipar. Todas elas aparecem em rankings recentes de analistas como Terra Investimentos, TC, VG Research e Ativa, com projeções de dividend yield acima de 7% para os próximos 12 meses.

Mesmo com o receio de tarifas, muitas ações seguem baratas. A BB Seguridade, por exemplo, tem dividendos projetados de 10,2% e preço-alvo de R$ 42, com recomendação da GuiaInvest. Já a Copel aparece com yield de 10% e potencial de valorização, conforme análise da Ágora.

Entre os papéis com preço-teto abaixo da média, aparecem nomes como Marcopolo (POMO4), com yield de 10% e preço de compra em R$ 9, além da Caixa Seguridade (CXSE3), com recomendação de compra até R$ 15. Ou seja, mesmo com ruído político e risco externo, ainda há oportunidades atrativas para o investidor focado em renda.

Vale e Banco do Brasil: exposição indireta, mas impacto limitado

No caso da Vale, o impacto da tarifa de Trump foi praticamente nulo. As ações subiram mais de 2% na quarta-feira (10), ajudando a segurar o Ibovespa. A mineradora tem menos de 3% da receita vinda dos EUA e foco em clientes da China e da Ásia, o que reduz o risco direto da taxação.

Mesmo assim, analistas como Regis Chinchila, da Terra Investimentos, acreditam que o cenário macro pode pressionar as ações, especialmente se o dólar continuar em alta. Por outro lado, a valorização da moeda americana tende a favorecer as exportadoras, compensando parte da volatilidade.

Já o Banco do Brasil, embora não exporte produtos, possui forte exposição ao crédito rural. Como o agronegócio será um dos setores mais afetados pelas tarifas, o banco pode sentir impactos indiretos em sua carteira. Ainda assim, analistas acreditam que o momento ruim já está precificado e pode representar uma janela de compra com foco no longo prazo.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.