Após um breve alívio no mercado, as taxas dos títulos públicos voltaram a subir com força nesta segunda-feira (16), alcançando novas máximas. A alta das taxas reflete uma revisão para cima das projeções econômicas do país, especialmente nas estimativas de inflação (IPCA), Produto Interno Bruto (PIB), dólar e Selic para 2025. O aumento nas taxas ocorre após analistas que participaram do Boletim Focus do Banco Central ajustarem suas expectativas para o próximo ano, sinalizando pressões inflacionárias mais intensas e a necessidade de juros mais elevados.
Os papéis de curto prazo do Tesouro Direto foram os mais impactados, com destaque para o título prefixado com vencimento em 2027, que ultrapassou pela primeira vez a marca de 15% ao ano, atingindo 15,34%. Também registrou-se alta significativa nos títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA+ 2029, que agora paga 7,73% ao ano de juro real.
A recente aceleração nas taxas de juros ocorre após o governo federal anunciar medidas fiscais que o mercado interpretou como insuficientes para o momento, especialmente a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, considerada inadequada dado o cenário econômico. As expectativas de inflação para o próximo ano também se intensificaram após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acelerar a alta da Selic, sinalizando novos aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões.
O anúncio de medidas fiscais pelo governo e a reação do mercado indicam um clima de incerteza e pressões inflacionárias persistentes.
Além disso, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que serve como prévia do PIB, registrou um crescimento de 0,1% em outubro, superando as expectativas dos analistas e intensificando as projeções de uma inflação mais elevada. Com isso, a pressão sobre os juros futuros aumentou, refletindo a visão do mercado de que o Banco Central precisará adotar um tom mais agressivo no combate à inflação.
As taxas dos títulos públicos reagiram de forma significativa a esses novos cenários. O Tesouro IPCA+ 2031, por exemplo, se aproxima dos 15% ao ano, atingindo 14,88%. Já os papéis com vencimento mais longo, como o Tesouro IPCA+ 2035 e 2055, superaram pela primeira vez no ano os 7% de remuneração no componente prefixado, algo que não acontecia desde o início de 2024.
A alta nas taxas de juros reflete um cenário de expectativas mais elevadas para a inflação e juros, colocando os investidores em alerta quanto às condições econômicas futuras e à sustentabilidade das políticas fiscais adotadas pelo governo.