
O segundo trimestre de 2025 (2T25) foi movimentado para o setor de construção civil — e os números de Tenda (TEND3) e Cyrela (CYRE3) ajudam a contar essa história. Ambas reportaram crescimento relevante nas vendas e lançamentos, mas com estratégias distintas e impactos proporcionais às suas escalas de operação.
Não há como negar: em termos absolutos, a Cyrela saiu na frente. A companhia reportou R$ 3,26 bilhões em vendas líquidas no 2T25, um salto de 37% em relação ao 2T24 e de 8% sobre o 1T25.
Já a Tenda, focada no segmento de baixa renda, entregou R$ 1,2 bilhão em vendas líquidas no trimestre, crescimento de 17,4% ano a ano.
Mas é preciso olhar além dos números brutos: para uma companhia do porte da Tenda, crescer dois dígitos em um setor sensível à renda e ao crédito é um feito importante, especialmente considerando o avanço também na sua divisão Alea, de casas pré-fabricadas.
Cyrela em ritmo acelerado, Tenda constante
Em lançamentos, a Cyrela também dominou o placar: foram 17 empreendimentos lançados entre abril e junho, totalizando R$ 4,13 bilhões em VGV — uma alta de 182% sobre o 2T24.
No acumulado do semestre, os lançamentos somaram quase R$ 9 bilhões, um crescimento de 184%.
A Tenda, por sua vez, lançou dez empreendimentos, somando R$ 1,1 bilhão em VGV, alta de 18,1% em relação ao ano anterior.
Apesar da diferença de volume, a consistência da Tenda chama atenção: a empresa mantém crescimento estável, com foco em geração de caixa e controle operacional.
VSO: Tenda mostra resiliência, Cyrela levemente pressionada
O indicador de Vendas sobre Oferta (VSO) mostra como anda a velocidade de escoamento dos estoques — e aqui, a Tenda apresentou níveis resilientes e crescentes, segundo a XP Investimentos.
A corretora destacou que o bom desempenho de VSO, junto com maior volume de repasses, contribui para a saúde financeira da empresa.
Já a Cyrela registrou um VSO de 52,3%, ligeiramente abaixo dos trimestres anteriores (52,6%). Ainda assim, o patamar segue elevado e estável, o que reforça a força da demanda mesmo com um mix de lançamentos mais diversificado, que inclui os segmentos Vivaz (baixa renda), Living (média) e Cyrela (alta).
Ambas vencedoras, cada uma no seu jogo
Para a XP, os dados da Cyrela foram sólidos e podem ajudar a impulsionar as ações no curto prazo, com destaque para o desempenho da marca Vivaz dentro do programa Minha Casa Minha Vida. A corretora manteve recomendação de compra para o papel e preço-alvo de R$ 30.
Já no caso da Tenda, o crescimento disciplinado, combinado com uma VSO forte e perspectiva de novos contratos na Alea, sinaliza uma empresa ajustada ao seu nicho e com espaço para crescer de forma sustentável. A reação esperada nas ações é mista.