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Tesla decepciona: lucro cai 31% e Musk perde confiança de investidores em meio à febre de robôs

Mesmo com vendas recordes, a Tesla (TSLA) enfrenta o quarto trimestre seguido de lucro abaixo do previsto, ampliando dúvidas sobre a estratégia de Elon Musk e a rentabilidade do negócio.

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Tesla Musk
  • Lucro da Tesla (TSLA34) caiu 31% no 3º tri, o quarto resultado fraco consecutivo.
  • Musk prioriza robôs e IA, mas investidores questionam a falta de resultados.
  • Custos e tarifas pressionam margens, e as ações recuam após o balanço.

O lucro da Tesla (TSLA34) despencou 31% no terceiro trimestre, mesmo após a empresa registrar um recorde de vendas de veículos elétricos. A queda reforça o cenário de pressão sobre Elon Musk, que tenta convencer o mercado de que o futuro da montadora passa por robôs humanoides e inteligência artificial.

De acordo com o balanço divulgado na quarta-feira (23), o lucro ajustado caiu para US$ 0,50 por ação, abaixo dos US$ 0,54 esperados pelos analistas da Bloomberg. Trata-se do quarto trimestre consecutivo de resultados mais fracos do que o previsto, o que levanta questionamentos sobre o modelo de negócios da companhia.

Lucro em queda, foco disperso

O gráfico divulgado pela Bloomberg mostra que o lucro operacional da Tesla caiu 40% em um ano, mesmo com expansão nas entregas. A empresa também registrou redução de 44% nas receitas de créditos regulatórios, que somaram US$ 417 milhões, pressionando as margens.

Enquanto o negócio principal perde tração, Musk dedica cada vez mais atenção a novos projetos, como robôs humanoides e veículos autônomos. Durante a conferência com investidores, ele voltou a defender o robô Optimus, prometendo produção em escala no fim de 2026.

“Temos uma incerteza persistente sobre o que impulsionará o crescimento da Tesla no curto prazo”, afirmou Garrett Nelson, analista da CFRA Research. Após o resultado, as ações da Tesla caíram 3,9% no pré-mercado em Nova York.

Pressões operacionais e cenário político

Os custos operacionais da empresa aumentaram 50%, alcançando US$ 3,4 bilhões, impulsionados por tarifas e insumos mais caros. O impacto veio em parte da nova política comercial dos EUA sob Donald Trump, que elevou as taxas de importação de componentes.

O diretor financeiro Vaibhav Taneja reconheceu que concorrência e tarifas seguem como obstáculos relevantes. Mesmo com recorde de vendas, o encarecimento dos veículos após o fim do crédito fiscal de US$ 7.500 ameaça a demanda.

A Tesla depende agora do desempenho de seu programa de robotáxis em fase inicial em Austin, Texas para sustentar o otimismo dos investidores. O empresário promete expandi-lo para dez regiões metropolitanas até o fim de 2025.

Musk aposta tudo na IA e nos robôs

Elon Musk voltou a enfatizar que o Optimus pode se tornar “o maior produto de todos os tempos”, embora tenha admitido que colocá-lo no mercado será “incrivelmente difícil”. A empresa já instala as primeiras linhas de produção para o projeto.

O bilionário também defende que o sucesso do robô está atrelado à manutenção de seu controle na Tesla, motivo pelo qual insiste na aprovação de um novo pacote bilionário de remuneração.

Mas, para analistas, o discurso não empolga. “A Tesla negocia como uma plataforma de IA, mas entrega resultados de uma montadora tradicional”, disse Haris Khurshid, da Karobaar Capital.

Entre o hype e a execução

Apesar da narrativa de disrupção, especialistas veem falta de clareza sobre como as novas apostas gerarão lucro real. “A Tesla está sem ideias e sem rumo há vários trimestres”, afirmou Olivier Blanchard, diretor de pesquisa da Futurum Group.

Ademais, a analista Dec Mullarkey, da SLC Management, reforçou o ceticismo: “Não há muito aqui para inspirar os investidores. A empresa precisa provar que ainda é capaz de inovar com rentabilidade.”

Mesmo assim, Musk mantém o discurso otimista, insistindo que a IA e a automação total são o próximo passo. Por fim, o desafio é transformar esse potencial tecnológico em lucro real, algo que o mercado já começa a duvidar.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.