
- Tesla entregou 497.099 veículos no 3º trimestre, recorde histórico.
- Fim do crédito fiscal impulsionou vendas, mas deve enfraquecer demanda futura.
- Mercados europeu e chinês seguem como os maiores desafios para a empresa.
A Tesla (TSLA34) registrou um marco histórico ao entregar 497.099 veículos no terceiro trimestre de 2025, superando com folga as expectativas de Wall Street. Consumidores correram para aproveitar os últimos dias do crédito fiscal federal para carros elétricos nos Estados Unidos e impulsionaram o salto de 7,4% nas vendas.
Mesmo com o resultado animador, analistas alertam que o movimento pode ter apenas antecipado a demanda. Isso porque, sem o benefício, o mercado americano pode enfraquecer nos próximos meses, colocando pressão extra sobre os planos de Elon Musk.
Corrida por incentivos aquece mercado
A retirada do crédito de até US$ 7.500 por veículo criou uma onda de antecipação nas compras de EVs da Tesla, mas também favoreceu concorrentes como General Motors, Ford e Hyundai. Ainda assim, a montadora americana conseguiu se destacar, reforçando sua relevância no segmento.
O mercado sentiu o impacto direto: em setembro, as ações da Tesla subiram 33% e adicionaram US$ 401,9 bilhões em valor de mercado. O desempenho trouxe alívio após meses de turbulência, quando a empresa enfrentou queda de vendas e críticas à condução política de Musk.
Apesar disso, executivos já preveem que a demanda nos EUA deve perder força. A produção do novo Model Y de entrada foi adiada para o quarto trimestre, e a expectativa é que a linha cresça de forma mais lenta que o previsto.
Expansão global enfrenta obstáculos
Enquanto os números americanos surpreendem, os mercados globais contam outra história. Na China, as entregas da fábrica de Xangai caíram em sete dos oito primeiros meses do ano. A disputa com rivais locais, como BYD e Xiaomi, tem corroído a participação de mercado da Tesla.
Na Europa, a situação é ainda mais delicada. As vendas caíram 22% em agosto, acumulando queda de 33% no ano, mesmo com o mercado de EVs na região crescendo 27%. Esse descompasso evidencia que o avanço da Tesla não tem acompanhado o ritmo da concorrência europeia.
A empresa também enfrenta a reversão de políticas ambientais pelo governo Trump, que reduziu créditos regulatórios antes essenciais para sustentar sua rentabilidade.
Perspectivas para os próximos meses
O otimismo do terceiro trimestre pode não se repetir. Analistas projetam que a Tesla entregará 1,61 milhão de veículos em 2025, queda em relação ao volume de 2024. Isso representaria o segundo ano consecutivo de retração nas vendas globais.
Musk, por sua vez, aposta em novas frentes como inteligência artificial, robótica e veículos autônomos para sustentar o valor de mercado da companhia. O pacote bilionário de remuneração para o CEO será votado em assembleia em outubro e pode passar da marca de US$ 1 trilhão.
Para os investidores, o desafio será separar os ganhos pontuais da Tesla de uma trajetória realmente sustentável. A forte volatilidade dos papéis é reflexo direto da mistura entre inovação, política e incertezas de mercado.