
- Tesouro Direto registra alta generalizada nas taxas, com IPCA+ 2029 superando 8% ao ano.
- Rumores sobre gratuidade do transporte público elevam percepção de risco fiscal.
- Prefixados 2028 e 2032 também avançaram, pagando 13,42% e 13,73%, respectivamente.
O Tesouro Direto iniciou esta sexta-feira (3) com taxas de juros em alta, intensificando o movimento de correção visto no dia anterior. A pressão recai, sobretudo, sobre os títulos atrelados à inflação, que voltaram a superar a marca de 8% ao ano em alguns prazos.
A escalada reflete a crescente preocupação fiscal no mercado, após notícias de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou técnicos a estudar a gratuidade das tarifas de ônibus urbanos. A medida, se implementada, pode ampliar os gastos públicos e afetar a trajetória da dívida, em pleno ano pré-eleitoral.
Prefixados sobem e ampliam prêmio
Os papéis prefixados de curto prazo, como o Tesouro 2028, passaram a pagar 13,42%, acima dos 13,36% do dia anterior. Já o Tesouro 2032 chegou a 13,73%, contra 13,65% da última sessão.
Logo, esse movimento mostra que investidores exigem mais prêmio para carregar títulos diante da incerteza fiscal.
Desse modo, o impacto tende a ser maior nas opções de médio e longo prazo, que carregam mais risco político e econômico.
Inflação indexada volta ao radar
No segmento de Tesouro IPCA+, os juros também subiram. O destaque vai para o título com vencimento em 2029, que saltou para IPCA + 8,02%, superando a marca simbólica de 8% registrada ontem.
Além disso, outros prazos também avançaram. O Tesouro IPCA+ 2040, por exemplo, passou a pagar IPCA + 7,17%, contra 7,16% na véspera.
Portanto, esses patamares reforçam o apetite do mercado por prêmios mais elevados em meio às incertezas.
Clima de tensão no mercado
A discussão sobre a gratuidade do transporte público adicionou pressão sobre o mercado de renda fixa.
Ademais, investidores enxergam risco de aumento nas despesas permanentes, o que pode fragilizar ainda mais o arcabouço fiscal.
Por fim, a alta nos juros acompanha movimentos internacionais, mas encontra no cenário doméstico combustível adicional: eleições de 2026, política de gastos e dúvidas sobre responsabilidade fiscal.