
- Ford prevê queda do market share dos elétricos de 10% para 5% nos EUA.
- Trump retira subsídios e relaxa regras de emissões, favorecendo combustão.
- Empresa aposta em híbridos e repensa uso de fábricas de baterias.
O CEO da Ford, Jim Farley, soou o alarme em Detroit sobre o futuro dos carros elétricos nos EUA. Segundo ele, o mercado deve encolher pela metade com as mudanças de política do governo Trump.
Farley apontou como principais fatores o fim do crédito fiscal de US$ 7.500 ao consumidor e a flexibilização das regras de emissões, que favorecem os veículos a combustão. Para o executivo, “o mercado será muito menor do que pensávamos”.
Virada de rota da Ford
O alerta da Ford acontece em um momento em que a companhia já enfrenta desafios pesados em sua divisão elétrica. A unidade Model-e acumulou perdas de US$ 1,3 bilhão no segundo trimestre e pode fechar o ano com até US$ 5,5 bilhões no vermelho.
As vendas de elétricos da marca caíram 31% no último trimestre, afetadas por recalls e pelo envelhecimento de modelos, como o Mustang Mach-e. Logo, esse cenário pressiona a companhia a rever investimentos.
Desse modo, com a redução da atratividade dos elétricos, a Ford já começa a deslocar esforços para modelos híbridos e de menor custo, em linha com a nova realidade do setor.
Aposta em híbridos
Farley disse ver mais oportunidades em carros híbridos e em soluções de eletrificação parcial, voltadas a trajetos curtos. Ele destacou que a estratégia inclui adicionar linhas de híbridos às fábricas que originalmente seriam dedicadas a elétricos.
Além disso, o executivo ressaltou que a Ford tem hoje quatro fábricas de baterias em construção, além de duas unidades focadas em montagem de veículos elétricos. No entanto, a queda da demanda ameaça o uso dessa capacidade.
“Temos algumas escolhas difíceis a fazer”, admitiu Farley. “Não vamos permitir que as plantas sejam desativadas, mas será mais estressante usá-las diante das novas políticas.”
Trump muda as regras do jogo
Desde que assumiu, Trump vem classificando a transição energética como um “mandato de veículos elétricos” e busca reduzir incentivos ao setor. As medidas já levaram várias montadoras a postergar planos de produção.
Para a Ford, o impacto é direto. Ademais, parte dos investimentos em baterias, financiados por um empréstimo de US$ 9,2 bilhões do Departamento de Energia, agora corre o risco de subutilização.
Farley, no entanto, afirmou que as fábricas foram projetadas de forma flexível, permitindo adaptações. Por fim, segundo ele, novos modelos híbridos plug-in podem ajudar a absorver parte da capacidade instalada.