Guerra comercial

Trump só blefou? UBS aposta que tarifa de 50% contra o Brasil pode nem sair do papel

Mesmo com tarifaço, banco suíço vê economia brasileira resiliente e ações ainda atrativas

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A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda gera incertezas, mas não deve causar estragos duradouros na economia do Brasil, segundo avaliação do UBS Global Wealth Management (UBS WM).

Em relatório, o banco suíço afirma que a medida é improvável de se tornar permanente — e seu impacto, se implementada, seria “modesto e gerenciável”.

“Achamos que seria difícil justificar o uso da Lei Internacional de Poderes Econômicos de Emergência (IEEPA), dado o superávit comercial com o Brasil”, afirmou o UBS, em alusão à base legal usada por Trump para impor tarifas unilaterais.

Fundamento jurídico questionável

Segundo o banco, ainda não está claro qual instrumento jurídico de fato embasa o aumento de tarifas.

As Seções 232 e 301 da Lei de Expansão Comercial de 1962, por exemplo, exigiriam investigações prévias e uma queixa comercial formal — o que não ocorreu até o momento.

Além disso, o Brasil nem sequer figurava na lista original de países visados pelas tarifas “recíprocas” anunciadas por Trump no chamado “Dia da Libertação”, em abril.

Na época, a Casa Branca focava em parceiros com os quais os EUA registram déficit comercial — e não superávit, como é o caso do Brasil.

Impacto limitado no PIB

Mesmo que a tarifa seja mantida, o UBS avalia que o efeito direto sobre a economia brasileira deve ser limitado. Isso porque o Brasil é uma economia relativamente fechada, com exportações e importações somando apenas 28% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024.

Apenas 16% das exportações brasileiras vão para os EUA, o que representa menos de 2% do PIB nacional.

Os estrategistas do banco reconhecem que alguns segmentos podem ser mais afetados — como ferro e aço semiacabados, aeronaves, etanol, madeira e materiais de construção —, mas consideram que o impacto nos lucros corporativos será contido.

“Esperamos que o impacto direto nos lucros corporativos seja limitado”, reforçou a análise.

Brasil ainda atrativo para investidores

Apesar das incertezas geradas pela escalada da guerra comercial, o UBS segue otimista com o mercado brasileiro.

O banco vê ações locais descontadas e com potencial, especialmente em um cenário de fraqueza do dólar e maior fluxo de capital para mercados emergentes.

“Gostamos do Brasil dadas as avaliações atraentes e o sólido crescimento econômico”, conclui o relatório.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.