
- Os ETFs irlandeses agora estão disponíveis no Brasil via Avenue, com aporte mínimo de US$ 5
- O produto oferece vantagens fiscais, menor tributação de dividendos e ausência de imposto sucessório americano
- Apesar disso, exige atenção à liquidez e ao cumprimento das regras tributárias brasileiras na hora da venda
Os investidores brasileiros passaram a ter acesso desde a última quarta-feira (27) a uma nova alternativa para diversificação de portfólio: os chamados “ETFs irlandeses”. Regulados na Europa, eles antes estavam restritos a quem aplicava diretamente no exterior.
Conhecidos formalmente como UCITS (Undertakings for Collective Investment in Transferable Securities), esses fundos são domiciliados em países como Irlanda e Luxemburgo, que oferecem benefícios fiscais e maior estabilidade regulatória. Com o lançamento feito pela Avenue, o produto passa a estar disponível a partir de aportes mínimos de US$ 5.
Vantagens para o investidor
Entre os principais atrativos apontados por analistas está a retenção menor de impostos sobre dividendos. Enquanto nos Estados Unidos a tributação chega a 30%, na Irlanda ela se limita a 15%, o que garante maior volume líquido ao investidor brasileiro.
Especialistas destacam que os ETFs irlandeses oferecem taxas de administração competitivas e garantem ampla transparência regulatória. Outro benefício está na ausência do imposto sucessório americano, o que facilita a transmissão patrimonial em caso de herança.
Além disso, os fundos seguem regras rígidas de diversificação, o que impede concentração excessiva em ativos individuais. Para investidores locais, isso representa acesso a produtos globais com governança consolidada e segurança adicional.
Desvantagens e limitações
Apesar das vantagens, alguns pontos exigem cautela. A liquidez, por exemplo, é menor do que nos EUA, já que os ETFs negociados em Londres levam dois dias úteis para liquidação, contra apenas um dia no mercado americano.
Outro aspecto levantado por analistas é que a regulação europeia pode limitar estratégias mais agressivas, como o uso intensivo de derivativos. Além disso, fundos que operam com replicação sintética ainda carregam riscos relacionados a contrapartes em swaps.
No Brasil, o investidor também precisa se atentar à tributação no momento da venda. Os ganhos de capital estão sujeitos a alíquotas progressivas de 15% a 22,5%, de acordo com o montante. A necessidade de declarar corretamente à Receita Federal torna essencial a disciplina fiscal.
Impacto para o mercado brasileiro
A chegada dos ETFs irlandeses amplia o cardápio de opções para quem busca diversificação internacional. Com exposição a diferentes regiões e setores, eles podem complementar estratégias já existentes e reduzir riscos ligados exclusivamente ao mercado local.
Professores e especialistas avaliam que esse movimento é positivo para o amadurecimento do investidor brasileiro. A possibilidade de alocar em produtos com maior eficiência tributária e governança reconhecida internacionalmente fortalece o mercado e aproxima o Brasil das práticas globais.
Ainda assim, o produto deve ser visto como investimento estrutural de longo prazo, mais voltado para composição de portfólio do que para operações de curto prazo. Avaliar o perfil de risco e a tolerância à volatilidade continua sendo indispensável.