Negócios

Ultrapar (UGPA3) surpreende o mercado ao montar posição na Rumo (RAIL3) e se aproximar de 5%

Movimento ocorre via total return swap e sinaliza avanço da holding em ativos de infraestrutura logística.

Apoio

ultrapar hacker
ultrapar hacker
  • Movimento reforça estratégia logística, com barreiras como poison pill de 15% no estatuto da Rumo.
  • Ultrapar monta posição via total return swap e se aproxima de 5% da Rumo.
  • Morgan Stanley lidera compras, com volume diário dobrando nos últimos pregões.

A Ultrapar (UGPA3) está montando uma posição relevante na Rumo (RAIL3) e já se aproxima de 5% do capital, segundo fontes ouvidas pelo Brazil Journal. O movimento ocorre por meio de um total return swap, estrutura em que o banco compra as ações enquanto o investidor assume a exposição econômica ao papel.

A operação é conduzida principalmente pelo Morgan Stanley, o mesmo banco utilizado pela Ultrapar ao montar posição na Hidrovias do Brasil no ano passado. O volume recente indica forte entrada de capital e aumento da disputa por ações da companhia ferroviária.

Caixa forte corre para a Rumo

O Morgan Stanley aparece como o maior comprador líquido do papel nos últimos 30 dias. Só nesta quarta-feira, mais de 12,5 milhões de ações de RAIL3 foram negociadas, o dobro da média mensal. Dessa forma, a Rumo se tornou a segunda ação mais negociada da Bolsa, atrás apenas da Vale. Esse salto de liquidez sugere o avanço da Ultrapar e também a entrada de outros investidores ainda não identificados.

A movimentação ocorre enquanto a ação negocia perto da mínima de três anos, despertando interesse de quem vê potencial de recuperação. Além disso, a figura de Marcos Lutz, chairman da Ultrapar e ex-CEO da Cosan, pesa no radar do mercado. Ele foi responsável pelo turnaround da antiga ALL, que deu origem à Rumo, e conhece o ativo em profundidade.

Embora a operação indique ambição, analistas levantam dúvidas sobre o tamanho máximo da posição que a holding pode montar. A Rumo vale R$ 30 bilhões, o que significa que 10% do capital custariam cerca de R$ 3 bilhões. Assim, o espaço financeiro da Ultrapar limita movimentos mais agressivos no curto prazo.

Expansão logística ganha força

A aposta na Rumo soma-se a aquisições recentes da Ultrapar em infraestrutura. No mês passado, a companhia comprou 37,5% da VirtuGNL, empresa de logística de GNL controlada pela Perfin. A operação reforça a estratégia de diversificação e indica foco crescente no setor logístico. Além disso, esse movimento aproxima a Ultrapar de áreas antes dominadas por competidores históricos.

Os dados do terceiro trimestre mostram dívida líquida de R$ 12 bilhões e alavancagem de 1,7x EBITDA, o que mantém a estrutura de capital relativamente confortável para novos passos. Dessa forma, a empresa encontra espaço para acelerar sua presença em nichos considerados estratégicos.

Apesar do apetite, a governança da Rumo impõe barreiras. A empresa possui poison pill de 15%, que limita a compra de participações maiores sem adesão ao acordo de acionistas. Além disso, mesmo com 30% do capital, a Cosan vota por apenas 20%, efeito de limites previstos no estatuto da companhia.

Disputa acionária ganha novos contornos

O avanço da Ultrapar pode redesenhar o equilíbrio entre os principais acionistas. A Cosan segue como maior acionista da Rumo, com o apoio da família Arduini. Assim, qualquer movimento acima de 15% exigiria posicionamento público e adesão formal ao bloco de controle. Esse fator torna improvável uma escalada silenciosa acima dos limites estatutários.

Para o mercado, a combinação entre preço deprimido, histórico de Lutz e estratégia logística fortalece a tese de que a Ultrapar pretende aumentar presença em ativos essenciais de transporte. Além disso, o interesse de outros investidores ampliou o volume negociado e trouxe a ação para o foco da Bolsa.

Ainda assim, executivos e analistas avaliam que o próximo passo depende da leitura sobre o ciclo macro e da capacidade financeira da holding. Dessa forma, o mercado monitora novas transações e sinalizações regulatórias.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.