Ações de commodities

Usiminas, CSN e Vale devem reportar 2° tri fraco e BTG recomenda ficar longe; veja projeções pro setor

Análise aponta cenário ainda desafiador para mineração e siderurgia, enquanto Suzano e Klabin despontam como destaques em meio ao pessimismo generalizado

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csn mineracao cmin3 tem lucro 6 vezes maior do que o 1t20 1
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O BTG Pactual reiterou sua visão cautelosa para o setor de commodities, reforçando que os resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25) devem confirmar um momento de fraqueza generalizada. Segundo o banco, as empresas que mais devem sentir o impacto são: Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3), CBA (CBAV3) e Vale (VALE3).

Continuamos observando um ambiente difícil para as commodities que cobrimos, pressionado por balanços oferta-demanda desfavoráveis, disputas comerciais globais, preocupação com o setor imobiliário chinês, valorização do real e ausência de catalisadores de curto prazo”, afirmaram os analistas do BTG.

A recomendação do banco é ficar de fora da maior parte das ações de commodities neste momento.

A carteira recomendada “10SIM”, por exemplo, mantém apenas 10% de exposição ao setor, sem novas adições.

Minério e siderurgia

Os produtores de minério de ferro devem registrar uma queda média de 6% nos preços em relação ao trimestre anterior, segundo o banco. A produção sazonalmente mais forte pode atenuar o impacto, mas não reverter a tendência negativa.

Já as siderúrgicas vivem um cenário ainda mais desafiador, marcado por deflação atípica nos preços e sinais de que a demanda interna está começando a fraquejar. Mesmo assim, a Gerdau (GGBR4) se destaca entre as pares por sua exposição ao mercado norte-americano.

“Seguimos vendo a Gerdau como um destaque positivo, com possibilidade de crescimento sequencial de EBITDA de +6% t/t, apesar dos ventos contrários no ambiente doméstico”, diz o BTG.

Já a CSN e Usiminas devem sentir mais o impacto de preços em queda e demanda enfraquecida. A expectativa para a Usiminas é de retração de 12% no EBITDA, enquanto a CBA pode amargar queda de 20%. “Do lado negativo, CBA e Usiminas devem apresentar as maiores quedas sequenciais”, prevê o relatório.

Na Vale, principal nome do setor de mineração, a expectativa é de resultados mornos: receita líquida de US$ 9,6 bilhões (-2% t/t) e lucro líquido de US$ 2,3 bilhões, recuo de 3% frente ao trimestre anterior.

A geração de caixa e lucro fraco continua sendo uma preocupação. “Continuamos vendo uma fraca geração de lucro e caixa, o que limita a atratividade do yield.”

Papel e celulose

Em meio ao pessimismo, o setor de papel e celulose aparece como o ponto fora da curva. O BTG aponta que Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) devem ter desempenho positivo no trimestre, com altas de +21% e +12% t/t no EBITDA, respectivamente.

“Seguimos com viés positivo para o setor de papel e celulose, cujos preços parecem mais ajustados — já dentro da curva de custos”, afirma o banco.

Apesar da recuperação vir de uma base fraca, os analistas destacam que as ações ainda estão descontadas, com quedas superiores a 15% no acumulado do ano, o que abre espaço para uma reprecificação positiva caso os fundamentos se consolidem.

Outros destaques

Além dos grandes nomes do setor, o BTG também mencionou o desempenho de empresas mais sensíveis ao mercado doméstico, como a Dexco (DXCO3).

A companhia vem mostrando melhora sequencial nos resultados, especialmente na divisão de madeira, com leve avanço nas áreas de cerâmica e Deca. A alavancagem segue alta, mas mostra tendência de ajuste.

Ponto de virada

Com o 2T25 ainda refletindo as mesmas fragilidades dos trimestres anteriores, o BTG acredita que os resultados não devem ser um ponto de virada, mas sim uma confirmação do atual estado de desalento no setor.

“Embora os resultados do 2T25 possam ser inconclusivos em termos de mudanças nas recomendações de investimento, acreditamos que reforçam nossas preferências marginais dentro da cobertura”, conclui o BTG.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.