
- Ebitda de R$ 408 milhões desaponta BTG, BBA e Citi, com impacto da divisão de aço.
- Redução no Capex e projeto de R$ 1,7 bi na Coqueria 2 chamam atenção.
- Expectativa de melhora nas margens do aço no 3º tri sustenta tom mais brando das análises.
A Usiminas (USIM5) decepcionou o mercado com seu balanço do segundo trimestre de 2025, registrando um Ebitda de R$ 408 milhões, 11% abaixo das já tímidas expectativas do mercado, segundo o BTG Pactual. O desempenho foi puxado principalmente pela divisão de aço, enquanto a área de mineração ficou dentro do esperado.
Mesmo com os números fracos, analistas encontraram motivos para um respiro. A redução no Capex previsto para o ano e a sinalização de melhora nas margens da siderurgia no terceiro trimestre suavizaram a percepção negativa e podem sustentar uma leve reação positiva nas ações da companhia.
Desempenho abaixo do esperado gera cautela
O BTG Pactual classificou os números como decepcionantes, destacando que a divisão de aço foi o principal ponto de fraqueza. Já a área de mineração apresentou desempenho estável, em linha com as estimativas.
Apesar do resultado fraco, a empresa gerou R$ 281 milhões de fluxo de caixa livre, graças a um ganho de capital de giro de R$ 454 milhões. O banco alerta, no entanto, que esse ganho provavelmente não se repetirá nos próximos trimestres. A alavancagem caiu de 0,7x para 0,5x.
Para 2025, a Usiminas atualizou seu Capex para a faixa entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,4 bilhão, valor considerado mais realista para o cenário atual. Além disso, aprovou um investimento de R$ 1,7 bilhão na modernização da Coqueria 2 em Ipatinga, projeto que será distribuído até 2029.
Análises divergem, mas tom é de prudência
O Itaú BBA também avaliou o balanço como negativo. A instituição esperava um Ebitda 13% maior e atribuiu o desvio principalmente ao fraco desempenho em preços e volumes na siderurgia. Ainda assim, o banco destacou a revisão do Capex como positiva, além do projeto da Coqueria 2.
Além disso, para o Citi, a Usiminas pode até ter alguma reação positiva na Bolsa, sustentada pela perspectiva de melhora nas margens do aço no terceiro trimestre e pela redução nos investimentos planejados.
Portanto, os analistas do Citi enfatizam que, apesar das dificuldades no mercado doméstico, a companhia poderá se beneficiar de menores custos com matérias-primas. Esses ganhos de eficiência devem compensar parcialmente a queda nos preços do aço.
Ambiente externo e desafios estruturais pressionam
O cenário para o setor continua desafiador. O BTG destaca que os preços do minério de ferro abaixo de US$ 100 por tonelada tendem a afetar fortemente as operações da Usiminas, que possui custo de extração elevado. Além disso, a empresa segue pressionada por importações recordes, que minam a competitividade do aço nacional.
Ademais, mesmo com alavancagem controlada, os anos de subinvestimento exigem agora aportes mais robustos, o que pode limitar o retorno de capital aos acionistas. O papel da Usiminas é negociado a 4,5 vezes o EV/Ebitda para 2025, múltiplo considerado apenas razoável diante dos riscos envolvidos.
Por fim, tanto o BTG quanto o Citi mantêm recomendação neutra para USIM5. O BTG tem preço-alvo de R$ 7 (upside de 60,6%) e o Citi, de R$ 4,75.