
- CEO da Vale afirma que a demanda por minério segue forte, especialmente na China.
- Programa Novo Carajás prevê R$ 70 bilhões até 2030 e já tem 50% executado.
- Sustentabilidade e novos alvos de produção são foco para retomar a liderança mundial.
Apesar das incertezas econômicas e geopolíticas que afetam os preços do minério de ferro, a demanda global segue sólida, segundo o presidente-executivo da Vale, Gustavo Pimenta. Durante evento do LIDE, nesta sexta-feira (27), o CEO afirmou que a produção de aço na China continua “bastante construtiva”, enquanto outros mercados da Ásia e do Oriente Médio mantêm crescimento acelerado.
Sendo assim, em meio a esse cenário, a Vale reafirmou sua meta de retomar a liderança global na produção de minério de ferro. O objetivo é atingir 360 milhões de toneladas por ano, superando concorrentes como a australiana Rio Tinto. Embora Pimenta não tenha cravado uma data para esse feito, ele destacou que a companhia está “bastante otimista” quanto à expansão nos próximos anos.
A estratégia da Vale inclui ampliação da produção, diversificação de mercados e foco em eficiência. Esses pilares são vistos como fundamentais para consolidar a posição da mineradora em um setor cada vez mais competitivo, pressionado tanto por questões ambientais quanto por instabilidades políticas globais.
Novo Carajás já movimenta bilhões
Para viabilizar esse avanço, a Vale aposta fortemente no Programa Novo Carajás, anunciado em fevereiro e que prevê R$ 70 bilhões em investimentos até 2030. De acordo com o diretor do Corredor Norte, Gildiney Sales, metade desse valor já foi comprometida em projetos que estão em andamento, especialmente nas serras Norte e Sul do Pará.
Entre os destaques está o projeto de expansão em Serra Sul, que já tem 73% das obras concluídas e exigirá quase US$ 3 bilhões. A iniciativa inclui abertura de novas frentes de lavra, duplicação do transportador de correia de longa distância e implantação de sistemas mais modernos de beneficiamento de minério.
A Vale também prevê aumentar em 32% a produção de cobre no sistema, que já entregou 265 mil toneladas em 2023. Novos investimentos como o projeto Bacaba, na área de Sossego, estão sendo licenciados. A estimativa é aplicar US$ 290 milhões apenas nessa nova operação.
Sustentabilidade, logística e eficiência
Outro ponto-chave do programa é o compromisso com tecnologias sustentáveis. Na Usina 1 da Serra Norte, a companhia já investe US$ 750 milhões para eliminar totalmente o uso de água no beneficiamento de minério até 2027. A ideia é tornar o processo mais limpo e eficiente, reduzindo o impacto ambiental na região.
Ao mesmo tempo, estudos estão em curso para identificar novas áreas de lavra, sempre respeitando os trâmites ambientais. Segundo Sales, há um time dedicado a definir os próximos alvos do programa, priorizando áreas com menor impacto ambiental, menor uso energético e que aproveitem estruturas existentes.
Apesar de operar há 40 anos em parte das minas da Serra Norte, a Vale reforça que a qualidade do minério tende a piorar com o tempo. Isso aumenta os custos e a complexidade da extração. Por isso, é preciso constantemente renovar as frentes de produção e adaptar o modelo de exploração.
Licenciamento ambiental é desafio constante
Embora parte dos novos projetos ocorra em áreas já exploradas, muitos requerem novas licenças ambientais. O processo é mais simples quando a área está degradada, como antigos pastos. No entanto, em regiões de mata fechada, como a Floresta Nacional de Carajás, o rito legal é mais rigoroso.
A operação da Vale em Carajás ocupa apenas 3% de um mosaico de 800 mil hectares de áreas protegidas. Mesmo assim, qualquer expansão exige avaliações detalhadas e, em muitos casos, reposição florestal ou compensações ambientais.
Ainda assim, a mineradora vê os novos investimentos como necessários para garantir a sustentabilidade de longo prazo. A relação entre estéril e minério está cada vez mais desafiadora. Portanto, sem reposição de reservas, o custo tende a crescer e a produção a cair.