Dividendos atrativos

Vale (VALE3) surpreende com produção no 2T25, mas lucro deve despencar 45%

Prévia operacional supera projeções do mercado, mas analistas esperam queda no lucro e olho nos dividendos entre 8% e 10%.

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  • Produção da Vale cresce 3,7% e supera expectativas de bancos como Citi e XP
  • Lucro deve cair até 45%, mas ações são vistas como descontadas por analistas
  • Projeções indicam dividend yield de até 10% nos próximos 12 meses

O relatório de produção e vendas da Vale (VALE3) referente ao segundo trimestre de 2025 animou parte do mercado. Com produção de 83,6 milhões de toneladas de minério de ferro, o desempenho ficou 3,7% acima do mesmo período do ano passado e superou as estimativas de bancos como Citi, XP e Genial.

Apesar disso, a queda nos preços do minério e nas vendas ainda pressiona a percepção do trimestre. Segundo analistas ouvidos, o balanço da companhia deve mostrar queda expressiva de 45% no lucro líquido, algo já precificado na ação.

Produção acima do esperado, vendas mais fracas

A Vale entregou uma produção sólida, que animou investidores ao vir acima das projeções do mercado. O Citi classificou os dados como “fortes”, enquanto a Genial destacou que o número operacional superou levemente suas estimativas.

Por outro lado, as vendas de finos caíram 1,2% na comparação anual, somando 67,6 milhões de toneladas. A mineradora adotou uma estratégia de reduzir embarques, buscando não pressionar ainda mais os preços internacionais.

O preço realizado por tonelada ficou em US$ 85,1, recuando 13,3% em relação a 2024. Ainda assim, esse valor superou as estimativas de casas como XP, Genial e Ágora, que esperavam preços mais baixos para o trimestre.

Lucro e Ebitda devem decepcionar

Apesar do bom desempenho operacional, o resultado financeiro da Vale ainda inspira cautela. A Genial projeta lucro líquido de US$ 1,5 bilhão, queda de 45% em base anual. Já o Ebitda estimado é de US$ 3,4 bilhões, recuo de 20,1% frente ao 2T24.

A XP, por outro lado, está mais otimista: espera Ebitda de US$ 3,3 bilhões, ligeiramente acima da projeção anterior, e lucro líquido de US$ 1,48 bilhão. Os analistas da casa acreditam que os números reforçam a flexibilidade do portfólio da Vale, com maior peso de produtos de menor valor agregado.

Segundo a Genial, o mercado já incorporou parte dessas quedas no preço da ação, o que explica a manutenção da recomendação de compra, apesar do cenário desafiador.

Dividendos de até 10% e ação vista como barata

Mesmo com a queda prevista no lucro, os dividendos da Vale seguem atrativos, segundo os especialistas. Pedro Galdi, da AGF, projeta um dividend yield entre 8% e 10% nos próximos 12 meses, com base no minério estabilizado a US$ 100 por tonelada.

A Genial reforça essa visão e avalia que a ação está descontada, negociando a 4 vezes o EV/Ebitda de 2025 — bem abaixo da média histórica de 5 vezes. A corretora recomenda compra e estima preço-alvo de R$ 64,50, alta de 12,17%.

XP e Citi também mantêm recomendações positivas, embora a XP se declare neutra por conta da “narrativa pouco empolgante” para o minério. A corretora tem preço-alvo de R$ 66, o que representa potencial de valorização de 14,78% até o fim de 2025.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.