
- Vale deve aumentar a produção em até 3,4% no 3T25, com preços mais altos.
- Dividendos podem voltar se minério seguir acima de US$ 90 por tonelada.
- Analistas se dividem entre recomendação neutra e compra; alta potencial chega a 29,7%.
A Vale (VALE3) deve apresentar alta na produção de minério de ferro no terceiro trimestre de 2025, sinalizando uma retomada operacional mais forte que a esperada. Segundo estimativas de cinco casas de investimento, a companhia deve entregar entre 92,2 e 94 milhões de toneladas, alta de até 3,4% na comparação anual.
O cenário animador vem em meio à melhora climática nas minas e aos preços mais firmes do minério de ferro, o que reacende o debate sobre o retorno de dividendos bilionários ainda neste ciclo. A prévia operacional será divulgada nesta terça-feira (21), com o papel voltando à faixa dos R$ 60 na B3.
Produção em ritmo acelerado
A Ágora e a XP Investimentos possuem as projeções mais otimistas, com 94 milhões de toneladas no trimestre — avanço de 3,3% ante o mesmo período de 2024. “O bom desempenho vem dos volumes adicionais de Capanema e Vargem Grande”, explica Renato Chanes, da Ágora.
A Ativa Investimentos, mais cautelosa, prevê 92,2 milhões de toneladas e embarques de 74,3 milhões, com preço médio de US$ 92,5 por tonelada. Assim, para o analista Ilan Arbetman, a Vale se beneficia da “melhor colocação no mercado de finos, focando em produtos de médio valor”.
Já a Genial Investimentos projeta 93,9 milhões de toneladas, reforçando a recuperação do Sistema Sudeste e a continuidade da expansão em Brucutu e Capanema (MG). Portanto, a corretora destaca que a diferença entre volumes produzidos e vendidos deve cair, com o ajuste dos estoques na China.
Minério valorizado e custo em queda
O Itaú BBA estima que o preço médio do minério de ferro atinja US$ 95 por tonelada, um ganho de US$ 9,90 sobre o trimestre anterior, impulsionado pelos preços de referência e pelo câmbio favorável.
A Ágora vê o minério a US$ 94,50, alta de 11% em um ano. “Esperamos uma combinação de prêmios de qualidade e índices mais fortes”, diz Chanes. Então, o consenso é que o 3T25 marque o melhor trimestre operacional da Vale desde o início de 2024.
O desempenho também reflete custos logísticos mais baixos e melhor produtividade nas minas, fatores que sustentam as margens e abrem espaço para novos dividendos, caso o minério siga acima de US$ 90 por tonelada.
Ações dividem analistas
Apesar da melhora operacional, o papel da Vale segue cercado de dúvidas. Em 2025, as ações acumulam alta de 10,2%, mas o ativo ainda carrega o peso da queda de 22,8% no ano anterior.
A XP Investimentos e a Ativa mantêm recomendação neutra, com preço-alvo entre R$ 65 e R$ 66 e projeção de dividend yield em 6,5% nos próximos 12 meses. Logo, ambas enxergam assimetria positiva limitada, diante do minério abaixo de US$ 100.
Já a Ágora e a Genial têm visão mais otimista. Desse modo, a Ágora recomenda compra, com preço-alvo de R$ 78 e potencial de alta de 29,7%, além de dividendos projetados em R$ 4,30 por ação, equivalente a rendimento de 7,2%.
Vale ainda é uma boa aposta?
Mesmo após a valorização recente, as casas mais positivas defendem que a ação continua barata em múltiplos. Segundo Chanes, a Vale negocia a 3,3x EV/EBITDA 2026, abaixo da média de 4,5x dos últimos cinco anos.
Além disso, o mercado espera um impulso vindo da China, com estímulos para construção civil e maior demanda por aço. Para a Genial, “a sustentação do minério em patamares elevados deve prolongar margens e adiar um cenário mais adverso”.
O investidor, portanto, deve comparar o retorno potencial de até 29,7% da ação e dividendos entre 6,5% e 7,2% com o rendimento do Tesouro Selic (15% ao ano), avaliando se o risco compensa frente ao ativo livre de risco.