
O empresário Nelson Tanure já busca um banco de investimentos para assessorar a compra da fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na Braskem (BRKM5). A operação, ainda em fase inicial, depende da liberação das ações da petroquímica, que estão dadas como garantia por empréstimos antigos e somam aproximadamente R$ 19 bilhões em dívidas.
Nesse sentido, Tanure já negocia diretamente com os bancos credores do grupo e busca uma solução para viabilizar a compra de cerca de 5% da Braskem.
Segundo fontes da Coluna do Broadcast, do Estadão, os encontros até agora focaram em discussões estruturais sobre o setor petroquímico e os desafios específicos da Braskem.
Ainda não foram apresentados valores formais de oferta para quitação dos débitos ou liberação das garantias.
Esse ponto deverá avançar quando Tanure formalizar a contratação de um banco de investimento para representá-lo na negociação.
Primeiras reuniões com bancos da Braskem
As conversas com as instituições financeiras começaram nesta semana. Na última segunda-feira (26), Tanure se reuniu com o Bradesco. Na quinta-feira (29), foi a vez de Itaú Unibanco e BNDES entrarem na agenda do empresário, enquanto o Santander também estava previsto para o mesmo dia.
O objetivo dos encontros é entender os caminhos possíveis para viabilizar um acordo.
As ações da Braskem, apesar de estarem no centro da negociação, foram dadas em garantia aos bancos ainda antes de a Odebrecht entrar em recuperação judicial em 2019.
Atualmente, a Novonor é credora de aproximadamente R$ 19 bilhões junto às instituições, valor que inclui juros acumulados sobre os financiamentos originais.
Oferta ainda sem valor definido
Apesar da ausência de uma proposta financeira fechada, a Coluna apurou que a operação imaginada por Tanure envolveria um aporte inicial de aproximadamente US$ 70 milhões na Novonor, o que garantiria ao empresário uma participação indireta de 3,5% a 5% na Braskem.
A entrada de Tanure na estrutura acionária dependerá, no entanto, de um entendimento com os credores sobre a liberação parcial das ações dadas em garantia.
Valuation desafiante
Um dos obstáculos relevantes nas conversas é a discrepância entre o valor de mercado atual da Braskem e o montante devido pelos seus controladores aos bancos.
A petroquímica tem hoje valor de mercado próximo de R$ 9 bilhões, menos da metade da dívida de R$ 19 bilhões da Novonor com os bancos.