
- Venda de Florian Wirtz para o Liverpool virou destaque positivo no balanço da Bayer.
- Transações do futebol raramente impactam as finanças da farmacêutica, mas agora mudaram o jogo.
- Resultado extraordinário ajudou a compensar perdas com patentes e processos nos EUA.
A farmacêutica alemã Bayer surpreendeu o mercado ao revelar, em seu balanço do segundo trimestre de 2025, um lucro extraordinário vindo de um lugar inesperado: o campo de futebol. A venda do meia-atacante Florian Wirtz, do Bayer 04 Leverkusen para o Liverpool, entrou na conta da empresa com impacto relevante, em meio a um cenário financeiro desafiador.
Nesse sentido, o valor estimado da transferência gira em torno de £ 116 milhões, ou R$ 843 milhões. Embora o clube de futebol pertença à gigante farmacêutica, esse tipo de operação costuma ter peso neutro nas demonstrações contábeis. Desta vez, porém, a magnitude da negociação colocou o futebol como uma linha relevante no desempenho trimestral da empresa.
Jogador estrela vira ativo valioso
Florian Wirtz, de 22 anos, foi uma das peças-chave do Leverkusen na campanha invicta da Bundesliga. Eleito o melhor jogador do campeonato alemão, o jovem chamou a atenção de grandes clubes europeus. O Liverpool venceu a disputa e garantiu o reforço para defender seu título da Premier League já nesta temporada.
A venda não só agradou os torcedores ingleses, como também aliviou as finanças da Bayer. O diretor financeiro da empresa, Wolfgang Nickl, explicou que as transações do clube são registradas na linha de “reconciliação” do balanço, mas que o lucro contábil com a negociação de Wirtz foi significativo.
“Precisamos comparar o valor contábil com os preços obtidos nessas transferências. Isso pode levar a resultados extraordinários, como aconteceu agora”, afirmou Nickl. Portanto, ele também destacou que o Liverpool adquiriu outros talentos do time, como o zagueiro Jeremie Frimpong, ampliando o impacto financeiro positivo.
Alívio contábil em meio a desafios
O bom desempenho financeiro com a venda de jogadores chegou em boa hora para a Bayer. A farmacêutica enfrenta dificuldades em todas as suas três divisões de negócios. Na área farmacêutica, perdeu exclusividade de patentes de dois de seus medicamentos mais lucrativos. Já a divisão agrícola está atolada em litígios nos EUA, envolvendo o herbicida Roundup e os PCBs tóxicos.
Além disso, a unidade de saúde do consumidor sofre com desaceleração nas vendas e teme impactos futuros das tarifas impostas pelos EUA. Esses problemas vinham pressionando o resultado trimestral da Bayer, que agora ganhou um respiro com a inesperada contribuição do futebol.
Desse modo, embora os líderes da Bayer tenham deixado claro que não pretendem vender o clube para gerar caixa, a recorrência desses lucros extraordinários com transferências mostra que o time pode ser mais do que uma ferramenta de branding corporativo.
Time invicto, orgulho corporativo
O Bayer Leverkusen tem sido uma fonte de orgulho institucional. Em 2024, o time foi o primeiro na história da Bundesliga a terminar o campeonato de forma invicta. Sob o comando do técnico Xabi Alonso, consolidou-se como uma potência do futebol alemão, aumentando sua visibilidade internacional e, indiretamente, a da própria Bayer.
Além disso, a relação entre a farmacêutica e o clube remonta à fundação do time, criado por funcionários da empresa em 1904. Mesmo com a separação entre os negócios corporativos e o programa esportivo, os ganhos eventuais com a valorização de atletas aparecem como um bônus contábil inesperado e, desta vez, relevante.
Por fim, com Wirtz agora no Liverpool e novos talentos surgindo, a Bayer pode ter mais surpresas positivas no balanço. A depender do desempenho esportivo e do interesse do mercado europeu, a farmacêutica pode continuar colhendo gols também fora das quadras de laboratório.