
- MILS3 acumula alta superior a 50% no ano e atrai gestoras long only.
- SCG vende 6,4% da Mills (MILS3) em block trade de R$ 191 milhões.
- Liquidez deve aumentar até 50% após a operação.
A Southern Cross Group (SCG) vendeu 15 milhões de ações da Mills (MILS3) em um block trade de R$ 191 milhões, equivalente a 6,4% do capital da companhia. A operação, coordenada pelo Itaú BBA, saiu a R$ 12,70, com desconto de 4,29% sobre o último fechamento.
Mesmo com demanda para 20 milhões de ações, o fundo decidiu vender apenas parte do lote e manteve cerca de 15% do capital após o negócio.
Liquidez no centro da estratégia
Segundo fonte próxima ao fundo, o objetivo da operação foi aumentar a liquidez do papel, que nos últimos pregões registrava média de 1 milhão de ações por dia. A expectativa é de avanço superior a 50% nessa métrica. Esse efeito pode atrair investidores institucionais e ampliar o interesse no papel. O movimento ocorre apesar do desconto aplicado no block trade.
A operação exigiu que a SCG desvinculasse 20 milhões de ações do acordo de acionistas com as famílias Nacht e Oxenford, ligadas à origem e expansão da empresa. Essa liberação foi parte essencial para viabilizar o bloco. A decisão reforça o reposicionamento do fundo dentro da estrutura acionária da Mills.
Desse modo, duas grandes gestoras long only, uma internacional e outra brasileira, ficaram com metade do bloco. Esse perfil de investidor tende a agregar estabilidade ao papel. O Itaú, que tinha garantia firme a R$ 12,40, conseguiu repassar o bloco com desconto menor.
Mills ganha tração na Bolsa
A ação da MILS3 acumula alta superior a 50% no ano e levou a companhia a atingir R$ 3 bilhões em valor de mercado. Assim, o desempenho recente se distancia de pares como Vamos, Movida, Localiza e Armac, mais sensíveis ao ciclo econômico. A Mills opera com portfólio diversificado, do setor de linha amarela às empilhadeiras, além do segmento pesado.
Nesse sentido, esse conjunto reforça a resiliência da companhia mesmo com PIB e Selic pressionando o setor. Analistas afirmam que a empresa mantém histórico de alavancagem conservadora, o que dá suporte à performance. Além disso, a companhia paga dividendos, recompra ações e mantém crescimento contínuo em frentes estratégicas.
Metade da operação é vista como um cash cow, enquanto a outra metade abre espaço para ganho de market share. Portanto, essa composição ajuda a sustentar projeções positivas e mantém investidores atentos à evolução dos resultados.
SCG mantém parte relevante e aceita lock-up
Mesmo após o bloco, a SCG comprometeu-se com lock-up de 90 dias sobre o restante de sua posição. Essa trava evita pressão imediata sobre o papel. O movimento indica que o fundo não pretende liquidar a fatia remanescente no curto prazo. A estratégia reforça disciplina na gestão da posição.
A operação ocorre em momento de visibilidade elevada da Mills no mercado. O interesse crescente de grandes gestoras mostra confiança no perfil operacional e na capacidade de geração de caixa da empresa. Ademais, o bloco também reforça a precificação atual em níveis mais altos.
A transação coloca a Mills em destaque entre companhias de locação e infraestrutura, num setor em consolidação. Por fim, o ajuste acionário pode abrir espaço para mais liquidez e novos fluxos ao papel.