
- Banco do Brasil lidera lista, mesmo sob pressão no agronegócio
- Petrobras, Vale e Taesa seguem com distribuição agressiva
- Estatais, bancos e elétricas dominam as recomendações dos analistas
Mesmo com juros elevados, inflação pressionada e riscos fiscais no radar, analistas seguem otimistas com o desempenho das ações pagadoras de dividendos na segunda metade de 2025. Segundo levantamento do E-Investidor com 10 casas de análise, o cenário é favorável para quem busca renda com consistência e segurança.
Foram mapeadas 14 ações com dividend yield (DY) estimado entre 6% e 19,15% até junho de 2026. O destaque vai para empresas dos setores bancário, elétrico e de commodities, que devem continuar gerando resultados robustos e repassando parte significativa do lucro aos acionistas.
Bancos e estatais lideram a lista de recomendações
O Banco do Brasil (BBAS3) foi o papel mais indicado, mesmo sob desconfiança do mercado. A instituição enfrenta inadimplência elevada no agro e mudanças contábeis nas provisões, o que gerou rebaixamentos por grandes corretoras. Ainda assim, analistas independentes mantêm recomendação positiva, apontando fundamentos sólidos, geração de caixa consistente e DY projetado de 11% até junho de 2026.
Ademais, outro nome recorrente é a BB Seguridade (BBSE3), que costuma distribuir dividendos em fevereiro e agosto. A empresa anunciou R$ 3,77 bilhões em proventos no primeiro semestre, e a expectativa é que mantenha o ritmo. O DY estimado até junho de 2026 é de até 11,71%, segundo os analistas ouvidos.
Entre os bancos privados, Bradesco (BBDC4) e BMG (BMGB4) também figuram na lista, com projeções de DY de 8,42% e 10%, respectivamente. Já o banco de investimentos BR Partners (BRBI11) se destaca com yield previsto de 10% e recomendação do Hub do Investidor.
Portanto, a possível tributação de dividendos e a Medida Provisória 1303, que altera a tributação sobre rendimentos, podem incentivar antecipações. No entanto, analistas como Milton Rabelo (VG Research) e João Zanott (EQI Research) consideram improvável uma corrida generalizada por pagamentos extraordinários.
Elétricas e commodities seguem como apostas defensivas
O setor elétrico continua sendo um dos mais indicados para quem busca previsibilidade e distribuição constante. A Taesa (TAEE11) se destaca pela forte política de payout, que pode chegar a 100% do lucro líquido regulatório. A empresa atua em transmissão, com receitas corrigidas pela inflação e margens elevadas.
Além disso, outra elétrica recomendada é a Copel (CPLE6), que combina bom histórico de distribuição com menor alavancagem. Já a Isa Energia Brasil (ISAE4) apresenta DY entre 8,85% e 9,35%, com preço-alvo estimado em R$ 26.
Nesse sentido, entre as empresas de commodities, Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) aparecem com DYs projetados de até 19,15% e 9,30%, respectivamente. Ambas têm apresentado forte geração de caixa, ainda que dependam do comportamento do mercado externo. A Petrobras já pagou R$ 35,79 bilhões em proventos no 1º semestre, enquanto a Vale distribuiu R$ 12,08 bilhões.
Por fim, Fernando Bresciani (Andbank) também vê potencial em distribuições do setor elétrico, especialmente entre empresas que estão reestruturando ativos. Ele, no entanto, adota postura mais cautelosa com empresas expostas ao agronegócio.
Proventos seguem atrativos, mas riscos não desaparecem
Embora os analistas projetem um semestre forte para dividendos, há fatores de risco. A desaceleração global, os conflitos comerciais e a fragilidade fiscal interna podem afetar as distribuições. O mercado de renda fixa ainda oferece concorrência forte, com IPCA + 7,8% em produtos de baixo risco.
Mesmo assim, empresas eficientes, com baixo endividamento e operação sólida, devem manter a política de remuneração. A diversificação entre setores como energia, bancos e commodities segue como a estratégia mais indicada para quem busca renda passiva com segurança.
Além das citadas, outras boas pagadoras incluem PetroRecôncavo (RECV3) com DY de 10,5%, Kepler Weber (KEPL3) com 8,30% e CSN Mineração (CMIN3) com 10,78%, todas recomendadas por casas como Nord Research e Vida de Acionista.
Desse modo, o investidor atento pode encontrar ótimas oportunidades de retorno, mesmo num cenário adverso. Portanto, a chave está em escolher empresas resilientes e acompanhar de perto seus fundamentos.