
- Especialistas recomendam prazos intermediários, diversificação e aportes escalonados para reduzir riscos.
- Investidores institucionais travam taxas altas, apostando em queda próxima da Selic.
- Prefixados oferecem rendimentos atrativos, mas exigem cautela e disciplina para carregar até o vencimento.
O mercado voltou a olhar para os títulos prefixados, e a movimentação ganhou força depois do megaleilão do Tesouro Nacional, que colocou um dos maiores volumes do ano “na rua” e viu investidores institucionais absorverem praticamente tudo. O apetite surgiu porque muitos gestores acreditam que o ciclo de queda da Selic está próximo.
Com isso, fundos e institucionais correm para travar rentabilidades elevadas antes de um possível fechamento da curva. A estratégia animou parte dos especialistas, mas o investidor comum ainda precisa avançar com cautela e entender se deve ou não seguir esse movimento.
Pressa dos institucionais indica leitura mais clara do mercado
A demanda forte pelos prefixados surgiu porque os gestores enxergam dois elementos-chave: início próximo do afrouxamento monetário e manutenção de prêmios considerados atrativos. Segundo Ricardo Trevisan, da Gravus Capital, o movimento “não tem impulso, tem leitura macro”.
Além disso, a inflação recente mostrou comportamento favorável, o que aumenta a confiança de que a política monetária tende a seguir estável até o início de cortes. Para o economista Enrico Gazola, da Nero Consultoria, o risco de reversão do cenário é muito baixo nos próximos dois anos, o que reforça o interesse pelos prefixados.
Esse ambiente criou a sensação de que agora é o momento para travar taxas entre 12,68% e 13,64% ao ano, principalmente para quem mira previsibilidade e aceita oscilações no curto prazo.
Investidor comum precisa de cautela apesar do otimismo
Mesmo com a movimentação intensa dos fundos, especialistas recomendam que o investidor de varejo avance de forma gradual. Gazola lembra que, apesar das taxas atrativas, montar uma posição agressiva não faz sentido para quem ainda está construindo carteira.
A diversificação segue essencial, sobretudo com pós-fixados e Tesouro IPCA+, já que apostar tudo em uma única curva pode aumentar riscos desnecessários. Trevisan reforça que o prefixado funciona melhor para objetivos de médio e longo prazo, exigindo disciplina para carregar o título até o vencimento.
Sair antes do prazo pode transformar um bom título em dor de cabeça, porque a marcação a mercado corrige o valor do papel quando os juros oscilam.
Estratégias por prazo: qual prefixado escolher agora
Para investidores que desejam aproveitar a janela, os especialistas sugerem papéis com vencimentos entre 2027 e 2031, por oferecerem equilíbrio entre risco e retorno. Títulos mais longos, até 2035, podem funcionar como exposição tática, principalmente para quem mira aposentadoria ou renda semestral.
Já Julio Ortiz, da CX3 Investimentos, prefere prazos mais curtos, com vencimentos de até dois anos. Ele considera que o cenário macro não deve mudar de forma relevante nesse período e que a queda da Selic tende a beneficiar esses papéis rapidamente.
Para mitigar riscos, Trevisan recomenda casar o vencimento com o objetivo, escalonar aportes e comprar de forma parcelada, estratégia que protege contra travar a taxa no pior dia e melhora a previsibilidade dos retornos ao longo do tempo.