
- Tarifas dos EUA podem reduzir margens e exigem adaptação de produção.
- Crescimento de receita desacelera e pressiona desempenho das ações.
- Capacidade limitada nos EUA e integração da Marathon estarão no centro do debate.
O Investor Day da WEG (WEGE3), marcado para 3 de outubro em Jaraguá do Sul (SC), acontece em um momento decisivo. A companhia enfrenta pressão das tarifas americanas, dúvidas sobre crescimento e integração de ativos, além de ver suas ações acumularem uma das maiores quedas do Ibovespa em 2025.
Segundo relatório do Goldman Sachs, o mercado vai observar de perto como a empresa pretende reagir a esses desafios. O banco destacou cinco pontos centrais que devem nortear as discussões e indicou que, apesar da força histórica da marca, o cenário continua desafiador para os investidores.
Impacto das tarifas e estratégia da WEG
O Goldman Sachs espera que a WEG apresente detalhes sobre sua estratégia para mitigar os efeitos da tarifa de 50% imposta pelos EUA. A realocação de produção para outros países é uma possibilidade, mas os analistas lembram que esse processo exige tempo e investimentos.
A dependência do mercado americano preocupa, já que as exportações brasileiras para os EUA representam uma fatia relevante da receita líquida. Produzir em outros locais também pode afetar a margem de lucro, uma vez que fora do Brasil a verticalização é menor.
O mercado aguarda clareza sobre o cronograma de adaptação e os impactos sobre a rentabilidade da companhia, especialmente se a mudança vier acompanhada de maiores custos de operação.
Crescimento em ritmo mais lento
O crescimento da receita também estará sob os holofotes. O Goldman lembra que, no 2º trimestre, a WEG apresentou avanço “like-for-like” de apenas 6% em relação a 2024, número abaixo da média histórica da empresa.
Embora a companhia ainda projete crescimento de dois dígitos para os próximos anos, a desaceleração preocupa investidores. O desempenho fraco das ações em 2025 reflete essa percepção.
O Investor Day deve trazer projeções mais claras sobre os vetores de expansão da receita e sobre quais mercados podem sustentar a retomada do crescimento.
Mercado de transformadores e capacidade nos EUA
Nos últimos anos, a divisão de Geração, Transmissão e Distribuição (GTD) foi um dos pilares de crescimento da WEG. No entanto, os preços de transformadores nos EUA já mostram sinais de estabilização, reduzindo o espaço para novos ganhos contratuais.
As fábricas da empresa na América do Norte também estão próximas do limite de capacidade, o que dificulta ampliar a produção no curto prazo. Investimentos em novas plantas estão em andamento, mas o mercado quer entender se haverá antecipação desse processo.
Assim, o evento pode trazer atualizações sobre prazos e metas de expansão de capacidade, fundamentais para avaliar a força do segmento GTD.
Integração da Marathon e novas estratégias
A integração dos ativos da Marathon, adquirida em 2024, é outro ponto-chave. O Goldman espera que a WEG apresente atualizações sobre como pretende verticalizar essas operações para replicar o modelo bem-sucedido do Brasil.
As tarifas americanas podem acelerar essa integração, já que parte da produção pode ser transferida para unidades da Marathon. Isso ajudaria a mitigar riscos regulatórios e logísticos.
Além disso, o mercado quer saber se a empresa pretende aproveitar o Investor Day para anunciar novos investimentos ou aquisições voltados à expansão internacional.
Cenário macro e perspectivas
O contexto global também estará em debate. As incertezas econômicas têm adiado decisões de grandes projetos, tanto fora quanto dentro do Brasil. O ambiente doméstico de juros altos adiciona mais pressão.
O Goldman alerta que a WEG, apesar de ser considerada “queridinha” do mercado, acumula queda de -29,32% no ano, a segunda pior do Ibovespa. A recomendação segue de venda, com preço-alvo de R$ 38,80.
Ainda assim, analistas destacam que mudanças no cenário macro, como queda nos juros ou melhora global, podem alterar o humor do mercado e reabrir espaço para recuperação das ações.