
- XP registrou lucro recorde de R$ 1,321 bilhão no 2T25, com ROEA de 24,4%.
- A captação líquida despencou 70% em 12 meses, frustrando a meta de R$ 20 bilhões por trimestre.
- A empresa aposta em novos canais, assessores e produtos como seguros e previdência para manter o ritmo.
A XP Inc. surpreendeu o mercado ao divulgar um lucro recorde de R$ 1,321 bilhão no segundo trimestre de 2025. O resultado representou alta de 7% frente ao trimestre anterior e de 18% em relação ao mesmo período do ano passado.
Por trás da euforia, porém, um número preocupa: a captação líquida caiu 70% em 12 meses, ficando em apenas R$ 10 bilhões. Esse desempenho destoou da meta de R$ 20 bilhões por trimestre e mostra que a base de clientes e empresas tem mostrado sinais de retração.
Lucro em alta e retorno robusto
O lucro por ação atingiu R$ 2,46, 22% acima do registrado um ano antes. O retorno sobre o capital anualizado (ROEA) chegou a 24,4%, 223 pontos-base acima do mesmo trimestre de 2024.
Além disso, o total de ativos sob custódia da XP avançou para R$ 1,372 trilhão, um salto de 14% em 12 meses. Essa expansão foi acompanhada pelo crescimento de 17% no total de ativos sob gestão e administração, que agora alcança R$ 1,9 trilhão.
Portanto, o resultado operacional também mostrou consistência. A receita bruta somou R$ 4,7 bilhões, um crescimento de 2% frente ao trimestre anterior e de 4% em 12 meses.
Captação líquida trava e vira sombra
Apesar do avanço no lucro, a captação líquida despencou e se transformou no grande desafio. No varejo, o ingresso foi de R$ 16 bilhões, uma queda de 21% em relação ao trimestre anterior. Já no segmento corporativo houve saída de R$ 6 bilhões, revertendo parte dos ganhos.
Além disso, o número de clientes ativos cresceu apenas 2% em 12 meses, alcançando 4,72 milhões. Essa estagnação contrasta com os anos anteriores, em que a XP ampliava rapidamente a sua base.
Desse modo, segundo o CFO Victor Mansur, a Selic elevada e a maior exigência de reciprocidade dos grandes bancos reduziram a capacidade das empresas em alocar novos recursos.
Aposta na rede e em novos canais
Mansur destacou que a XP ainda mantém a meta de captar R$ 80 bilhões em 2025, mesmo com oscilações entre os trimestres. Para isso, aposta no reforço da rede de assessores.
Ademais, hoje a base soma 18,2 mil profissionais, ligeiramente abaixo do trimestre anterior. O recuo foi atribuído à reorganização na Monte Bravo e às novas regras de qualidade impostas pela companhia.
Portanto, o CEO Thiago Maffra acrescentou que mais da metade da captação já vem de canais diversificados, como consultores internos e RIAs, além do tradicional B2B.
Novos produtos e dividendos
Outro pilar da estratégia é a diversificação. A vertical de seguros cresceu 22% no trimestre, enquanto a previdência avançou 15% e já soma R$ 86 bilhões.
Além disso, o braço de cartões movimentou R$ 12,4 bilhões em TPV, alta de 8% em 12 meses. Já a carteira de crédito atingiu R$ 24 bilhões, um crescimento robusto de 24% frente ao ano anterior.
Desse modo, a XP também manteve o compromisso de distribuir ao menos 50% dos lucros via dividendos ou recompra de ações. Isso garante ao investidor participação direta nos ganhos recordes.
Olhando para frente
Para os próximos meses, Mansur projeta melhora nas receitas com apoio da sazonalidade, já que o segundo semestre conta com mais dias úteis. Também aposta em alavancagem operacional, com novos produtos e entrada de mais assessores.
Ainda assim, a recuperação da área de banco de investimentos depende de um cenário macroeconômico mais favorável. Ademais, a Selic em 15% ao ano segue como freio para emissões e operações no mercado de capitais.
Por fim, se o ambiente melhorar, a XP poderá se apoiar em sua rede para destravar crescimento e retomar a meta de R$ 20 bilhões em captação trimestral.