Impacto do tarifaço

XP liga sinal amarelo e evita Bolsa: tarifa de Trump “embolou o jogo” para ativos de risco

CIO da XP recomenda foco em pós-fixados e inflação enquanto investidores esperam desfecho da crise entre Brasil e EUA.

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Imagem XP Investimentos - Reprodução XP
Imagem XP Investimentos - Reprodução XP
  • Artur Wichmann (XP) diz que tarifa de Trump afeta cálculo de risco para ações e prefixados.
  • Investidores estrangeiros aguardam “jogo final” e podem recuar se tensão escalar.
  • Juros futuros e câmbio devem reagir negativamente em caso de retaliação brasileira.

O CIO da XP Investimentos, Artur Wichmann, soou um alerta claro para investidores brasileiros: o cenário ficou turvo, e a estratégia conservadora voltou a dominar. A tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre exportações brasileiras mudou o jogo no curto prazo e impactou diretamente o apetite por risco.

Em entrevista à Bloomberg News, Wichmann afirmou que os próximos seis meses exigem cautela, especialmente em alocações de capital para Bolsa e prefixados. Em vez disso, a recomendação da XP é priorizar investimentos atrelados ao CDI e à inflação.

Tarifa embolou o jogo para o risco

Wichmann explica que ativos de ganho de capital, como ações e prefixados, envolvem projeções de risco futuro, o que se tornou mais difícil com a nova política tarifária dos EUA. Em um cenário com juros altos, perto de 15%, o retorno seguro da renda fixa se torna ainda mais atrativo.

“A conta do prêmio de risco ficou muito difícil de fechar no curto prazo”, afirmou o CIO. Segundo ele, os efeitos diretos no PIB são limitados, dada a estrutura fechada da economia brasileira. No entanto, os impactos indiretos podem ser significativos, sobretudo sobre o comportamento do investidor estrangeiro.

Por fim, a XP orienta os investidores a manter exposição reduzida a ativos voláteis e a reforçar posições em pós-fixados e IPCA+. Essa estratégia, de acordo com Wichmann, evita perdas em cenários incertos e protege contra choques adicionais de confiança.

Investidor estrangeiro pisando no freio

O principal risco para os ativos brasileiros, segundo Wichmann, está no comportamento dos estrangeiros. Para ele, o investidor internacional está em modo de espera, avaliando se a crise vai se limitar à tarifa ou se poderá escalar para um embate diplomático mais agressivo.

“Se ficar circunscrita à tarifa de 50%, é vida que segue”, declarou. Mas se houver retaliação do Brasil ou endurecimento por parte dos EUA, o fluxo de capital que vinha sustentando os ativos locais pode ser revertido rapidamente.

Nesse caso, os impactos devem se concentrar no câmbio e nos juros futuros. Desse modo, o real pode sofrer desvalorização acelerada, enquanto o Banco Central pode ter mais dificuldade para justificar novos cortes na Selic, mesmo com a atividade econômica desaquecida.

Política e incertezas eleitorais

Sobre as eleições de 2026, Wichmann recomenda manter a cautela e não tomar decisões de portfólio com base em pesquisas precoces. Ele lembra que qualquer levantamento feito com mais de um ano de antecedência tem baixo poder preditivo.

Além disso, o executivo reconhece que, em algum momento, o mercado acreditou em uma fraqueza eleitoral da atual gestão, mas os números mais recentes mostram uma recuperação da popularidade de Lula. Isso reforça a incerteza política e aumenta a aversão ao risco por parte de alguns agentes econômicos.

Portanto, diante de um cenário tão nebuloso, a recomendação da XP é prudência acima de tudo: evitar apostas arriscadas e focar em ativos que entregam retorno real com volatilidade controlada.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.