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Morgan Stanley reduz recomendação para ações brasileiras e cita risco fiscal

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O Morgan Stanley rebaixou nesta segunda-feira sua recomendação para as ações brasileiras, justificando a decisão com a avaliação de que o País enfrenta elevados riscos fiscais. Em relatório publicado, o banco apontou que “as coisas ainda podem piorar, antes de melhorar”, sinalizando um cenário de incertezas para investidores no curto prazo.  

A decisão marca uma mudança no posicionamento da instituição, que agora recomenda a alocação de recursos em ações brasileiras como “underweight”, ou abaixo da média. Essa classificação reflete um alerta de risco acentuado em relação às perspectivas econômicas do Brasil.  

Cenário fiscal em deterioração

O relatório do Morgan Stanley descreve um ambiente pessimista, chamado de cenário “bearish”. Segundo o banco, as políticas públicas atuais podem levar a um “pouso forçado” para os lucros das empresas e à entrada em dominância fiscal — situação na qual a deterioração fiscal é tão grave que torna a política monetária incapaz de conter a inflação.  

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“Estamos rebaixando o Brasil para ‘underweight’ porque o curso atual seguido pelos formuladores de políticas públicas sugere um alto risco desse cenário se materializar”, afirmou o documento.  

O risco de dominância fiscal preocupa investidores por enfraquecer a capacidade do Banco Central de utilizar os juros como ferramenta de controle inflacionário. Um quadro de inflação persistente pode gerar desvalorização cambial, aumento do custo de vida e maior pressão sobre os lucros das companhias listadas na bolsa.  

Cenário alternativo depende de ajustes

Por outro lado, o relatório aponta que há um cenário “bullish” possível, embora condicionado a mudanças estruturais. Esse cenário seria caracterizado por um “pouso suave”, com a economia brasileira migrando para um modelo baseado em investimentos e exportações, em vez de depender do consumo e dos gastos públicos.  

O Morgan Stanley considera, no entanto, que esse rebalanceamento exige ajustes políticos e econômicos significativos, ainda não visíveis no horizonte.  

Impacto para investidores

O rebaixamento da recomendação é um sinal claro para investidores, especialmente estrangeiros, de que o mercado brasileiro pode oferecer maior volatilidade e menor retorno no curto prazo. O movimento ocorre em um momento em que a bolsa brasileira busca atrair capital estrangeiro em meio a um cenário global de juros elevados.  

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De acordo com o levantamento do banco, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, já enfrenta desafios significativos, com projeções de desaceleração no crescimento dos lucros das empresas e aumento das incertezas políticas.  

Além disso, o relatório destaca que o déficit fiscal elevado e a ausência de reformas estruturantes são fatores que comprometem a confiança do mercado. Para o banco, um descontrole fiscal prolongado pode reduzir ainda mais o apetite dos investidores, pressionando o câmbio e elevando os prêmios de risco.  

Contexto macroeconômico

O Brasil enfrenta atualmente um déficit primário estimado em R$ 150 bilhões, o que representa cerca de 1,5% do PIB, segundo dados recentes do Ministério da Fazenda. A situação fiscal se agrava diante da expectativa de crescimento econômico modesto em 2024, projetado em 1,7% pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).  

Com a inflação acumulada em 12 meses ainda acima da meta de 3%, e os juros básicos em 12,75% ao ano, o País enfrenta o desafio de conciliar crescimento econômico com a necessidade de ajuste fiscal.  

Com o rebaixamento da recomendação, o mercado deve monitorar de perto os próximos movimentos do governo brasileiro, especialmente em relação ao orçamento de 2024 e às políticas para contenção de gastos.  

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Para investidores, o cenário exige cautela, diversificação e análise criteriosa dos ativos brasileiros, que agora enfrentam maior incerteza em um ambiente global já desafiador.  


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