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- Desde a divulgação dos resultados do 2T24 em 13 de agosto, a Natura&Co (NTCO3) caiu 13%, com desempenho 15% inferior ao Ibovespa
- O JPMorgan aponta que a incerteza gerada pelo pedido de recuperação judicial da Avon nos EUA é um dos principais motivos da queda
- O pedido de Chapter 11 levanta dúvidas sobre acordos financeiros mais altos, impactando a percepção do mercado sobre a Natura&Co
Desde a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2024, em 13 de agosto, as ações da Natura&Co (NTCO3) sofreram uma queda significativa de 13%. Dessa forma, apresentando um desempenho 15% inferior ao Ibovespa.
O JPMorgan atribui esse movimento de desvalorização, principalmente, a dois fatores: primeiro, as incertezas geradas pelo pedido de recuperação judicial da subsidiária Avon Products Inc (API) nos Estados Unidos, que atravessa um processo de Chapter 11. Esse processo aumentou as preocupações com possíveis acordos financeiros mais onerosos do que o esperado.
“Acreditamos que o desembolso de caixa da Natura não deva exceder US$ 85 milhões (DIP de US$ 43 milhões, acordo sobre talco de US$ 30 milhões e US$ 12 milhões para assunção do plano de pensão), enquanto o processo potencialmente desencadeia uma simplificação adicional da estrutura corporativa da NTCO3 em breve”, avaliam os analistas do JPMorgan.
Em segundo lugar, houve uma deterioração nos resultados da Avon International. O que acentuou as preocupações dos investidores.
Apesar dos ruídos sobre o processo de recuperação da API, a análise do JPMorgan sugere que não há motivos substanciais para que o pedido de recuperação judicial seja rejeitado. O banco espera que o processo se resolva entre o final de 2024 e o início de 2025.
No entanto, os analistas destacam que, enquanto o desfecho do Chapter 11 permanece incerto, as operações da Natura&Co na América Latina, especialmente na parte contínua de suas atividades, continuam superando as expectativas. Esse desempenho positivo levou a uma revisão para cima nas estimativas de crescimento da empresa na região. Que apresenta uma sólida geração de fluxo de caixa livre (FCF) e um balanço patrimonial desalavancado.
Incertezas persistentes
A XP, por sua vez, também vê a aprovação do processo de recuperação como o cenário mais provável. Embora com incertezas persistentes. Os consultores jurídicos da empresa indicaram que o valor do acordo pode ultrapassar os US$ 30 milhões inicialmente propostos. Mas, deve se manter em torno desse patamar.
Em meio a essa volatilidade, a XP elevou seu preço-alvo para as ações da Natura&Co de R$ 20 para R$ 23, com um potencial de valorização de 61%, refletindo a robustez do negócio na América Latina, estimado em R$ 25 por ação.
A recomendação da XP para NTCO3 permanece positiva, com a avaliação “overweight” (exposição acima da média) se mantendo, mesmo diante das incertezas geradas pelo processo de recuperação judicial da API. A empresa continua sendo negociada a um múltiplo de 12,4 vezes o preço sobre lucro ajustado para 2025, o que sinaliza uma expectativa de valorização significativa à medida que a operação se estabilize.
Por fim, na última semana, o Tribunal de Falências de Delaware realizou uma audiência importante sobre o caso do Chapter 11 da API. Que possibilitou às partes envolvidas apresentar seus argumentos. Entre os participantes estavam os consultores financeiros da API, o Chief Restructuring Officer da empresa e os consultores jurídicos da API e do Comitê de Crédito Não Garantido (UCC). Esse movimento, segundo os analistas, deve contribuir para um desfecho mais claro sobre a situação da Avon e seus impactos para a Natura&Co.
“No entanto, reconhecemos que a incerteza deve permanecer por mais tempo e que vários caminhos continuam em aberto, sendo uma fonte de volatilidade para o caso no curto prazo e atrapalhando os fundamentos da NTCO3“, avalia a XP.
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