
O Brasil está dividido sobre o futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro. Uma pesquisa recente do Datafolha jogou luz sobre essa divisão, revelando que uma parcela significativa da população defende a prisão do ex-presidente, enquanto outra parte acredita que ele deve permanecer em liberdade. Mas os resultados vão além e mostram também uma crescente insatisfação com a economia do país.
De acordo com o levantamento, 52% dos brasileiros são favoráveis à prisão de Bolsonaro pelas acusações de tentativa de golpe de Estado. No entanto, o mesmo percentual duvida que essa prisão realmente aconteça. Apenas 41% acreditam que o ex-presidente será condenado e preso, enquanto 7% não souberam responder.
A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 3 de abril, com 3.054 pessoas maiores de 16 anos, em 172 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Bolsonaro é réu por decisão unânime da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), baseada em investigação da Polícia Federal, aponta que ele liderou uma tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes.
Divisão Regional e Religiosa
A pesquisa Datafolha também revelou que a opinião sobre a prisão de Bolsonaro varia de acordo com a região do país e a religião dos entrevistados.
Regiões: No Norte e Centro-Oeste, os números mostram um empate técnico: 47% acreditam que ele deve ser preso, enquanto 45% defendem que ele permaneça em liberdade. Já no Sul do país, a maioria (49%) é contrária à prisão, frente a 46% que se mostram favoráveis.
Religião: A religião também exerce forte influência na opinião. Entre os católicos, que são a maioria no país, 55% apoiam a prisão de Bolsonaro, e 39% são contra. Já entre os evangélicos, tradicional base de apoio do ex-presidente, 54% rejeitam a ideia de vê-lo atrás das grades, enquanto 38% concordam com a medida.
Com Bolsonaro inelegível até 2030 por decisão da Justiça Eleitoral, a disputa para ocupar seu espaço político já começou. Vários nomes surgem como possíveis candidatos, e a polarização política deve continuar a marcar o cenário nacional nos próximos anos.
Economia em Queda?
Além das questões políticas, a pesquisa Datafolha também investigou a percepção dos brasileiros sobre a economia do país. E os resultados não são nada animadores para o governo.
A percepção negativa da economia brasileira atingiu o pior nível desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o levantamento, 55% dos brasileiros acreditam que a economia do país piorou nos últimos meses. É a primeira vez, desde janeiro de 2023, que a maioria da população aponta deterioração no cenário econômico, o que representa um sinal de alerta para o governo.
A comparação com a pesquisa anterior, realizada em dezembro de 2024, mostra uma deterioração significativa na percepção popular:
- Piora da economia: Subiu de 45% para 55% (+10 pontos)
- Melhora: Caiu de 22% para 21% (-1 ponto)
- Situação igual: Recuou de 31% para 23% (-8 pontos)
O aumento expressivo no índice dos que veem piora econômica mostra que, mesmo com os esforços do governo em promover programas sociais e medidas fiscais, o sentimento dominante entre a população é de frustração com os rumos do país.
Pessimismo no Ar
O Datafolha também perguntou aos entrevistados sobre suas expectativas em relação ao futuro da economia:
- 36% acreditam que a situação vai piorar (em dezembro, eram 28%)
- 29% acham que vai melhorar (queda de 4 pontos em relação aos 33% do levantamento anterior)
- 32% esperam que a situação continue como está
O aumento do pessimismo e a queda no otimismo indicam que a confiança da população vem se desgastando com o tempo, mesmo com a queda na inflação e os anúncios de políticas voltadas ao consumo e à renda.