Quase oito em cada 10 consumidores brasileiros (78%) querem que seus bancos e instituições financeiras se tornem mais sustentáveis, revela uma nova pesquisa global com mais de 6 mil pessoas realizada pela Mambu, empresa líder em tecnologia bancária em nuvem e pioneira em composable banking. Entre os 12 países pesquisados, apenas México (83%) e Vietnam (82%) apresentaram resultados superiores ao do Brasil. A média geral foi de 67%.
O Brasil é também o país em que mais consumidores afirmam ser importante que seu banco ou instituição financeira esteja alinhado aos seus valores pessoais e éticos – item marcado por 75%, contra uma média global de 60%.
O relatório mostra ainda que os consumidores estão dando cada vez mais importância para a agenda ESG (do inglês, ambiental, social e de governança): globalmente, quase metade (48%) dos participantes afirma que o acesso a produtos e serviços financeiros verdes ganhou importância em suas listas de prioridades nos últimos cinco anos — número ainda maior no Brasil, alcançando 55%.
Os dados também indicam que as finanças verdes estão se revelando excelentes oportunidades de negócios para os bancos brasileiros, uma vez que 63% dos consumidores do país considerariam mudar para um fornecedor mais comprometido com a sustentabilidade e 48% estariam dispostos a pagar mais por isso. Globalmente os números são mais modestos, com respectivamente 49% e 32%.
“O levantamento mostra que os consumidores — com destaque especial para os brasileiros — buscam cada vez mais formas de tomar decisões financeiras sustentáveis e éticas. A tendência anda lado a lado com o pioneirismo das instituições financeiras, as primeiras a se alinharem de forma efetiva às agendas ESG globalmente, exigindo financiamentos e investimentos responsáveis para beneficiar todas as cadeias de valor em que atuam”, comenta Laércio Fogaça, Head de Solution Engineering da Mambu na América Latina.
No entanto, apesar da maior relevância e procura por finanças sustentáveis e éticas, a pesquisa identificou que a adoção de soluções na categoria ainda não é popular. Apenas 23% dos brasileiros e 26% dos consumidores globais usaram conscientemente algum produto ou serviço bancário sustentável. A satisfação entre quem usou esse tipo de produto ou serviço, porém, é alta: globalmente, 84% preferiram eles aos tradicionais, enquanto no Brasil a taxa chegou a 91% de aprovação.
Os produtos verdes mais procurados no mundo são cartões de crédito e débito sustentáveis (45%), contas de poupança e títulos verdes (42%), empréstimos (31%) e hipotecas verdes (31%). No Brasil, os dois primeiros itens também são os mais procurados, listados respectivamente por 55% e 40% dos respondentes. A diferença é que os brasileiros deram mais importância às contas de impacto, que figuram no terceiro lugar com 37% – elas consistem em uma conta corrente na qual o banco investe e empresta o dinheiro apenas para organizações que causam um impacto positivo no planeta.
Bancos precisam empoderar consumidor e melhorar comunicação em sustentabilidade
O estudo também identificou desafios para a evolução da agenda ESG do setor financeiro. Menos da metade dos brasileiros (43%) está satisfeita com a forma com que seus bancos ou instituições comunicam seus compromissos nessa área e apenas 40% conhecem os projetos anunciados publicamente. As taxas são similares no mundo todo, sendo respectivamente 42% e 37%.
Outro ponto identificado foi a necessidade de inclusão dos clientes na agenda de sustentabilidade. No Brasil, por exemplo, 63% gostariam de opinar sobre como e onde a instituição financeira investe o seu dinheiro de modo a garantir que esses investimentos estejam alinhados com seus valores pessoais. O item foi listado globalmente por 58% dos respondentes.
Os consumidores também sinalizaram que gostariam de receber recompensas por suas atitudes sustentáveis — 73% dos brasileiros dizem ser mais provável realizar operações bancárias com uma instituição financeira que recompense suas decisões financeiras verdes, quantidade acima da média global de 61%.
“Ainda vemos um nível de ceticismo relativamente alto em relação ao comprometimento dos bancos com a agenda de sustentabilidade. Fica nítido que, para superar essa barreira, as instituições devem empoderar os consumidores, permitindo que desempenhem um papel mais ativo no processo decisivo de sustentabilidade e, de fato, façam parte dessa agenda junto de suas instituições. É uma grande oportunidade de crescimento e aumento de participação no mercado para os players com uma visão de vanguarda, com olhar estratégico, de longo prazo, e que entendem a importância de uma prática robusta de ESG nos negócios”, avalia Laércio.
Para o executivo, uma tecnologia baseada em composable banking pode ser uma das respostas para as instituições financeiras personalizarem suas plataformas bancárias e incluírem produtos e serviços verdes de forma mais eficiente e estratégica.
“A abordagem em componentes, ainda uma novidade no Brasil, permite que a instituição financeira monte os produtos mais adequados para sua proposta de valor, sem precisar recorrer a um processo de implantação demorado e dependente de um só fornecedor. O produto pode ser lançado de forma rápida, atendendo as demandas mais variadas dos consumidores — das simples às complexas — e permite que a instituição financeira se aproveite da tecnologia para poder focar no mais importante, que é a estratégia”, completa.
Metodologia
Para desenvolver o relatório “A grama é mais verde do lado sustentável? O futuro dos serviços financeiros”, a Mambu entrevistou, em maio de 2022, mais de 6 mil pessoas em 12 países, incluindo 504 brasileiros. Além de Brasil, foram consultadas pessoas dos seguintes países: Reino Unido, Alemanha, Cingapura, Austrália e Nova Zelândia, Tailândia, Malásia, Vietnã, Estados Unidos, México, Holanda e Espanha.