
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), surpreendeu o mundo político ao declarar que, se eleito presidente, seu primeiro ato será conceder indulto a Jair Bolsonaro. A fala vem justamente no momento em que o ex-presidente enfrenta o julgamento mais duro de sua carreira, no STF, por suposta tentativa de golpe.
A promessa de Tarcísio acende esperança entre bolsonaristas e sinaliza uma estratégia clara: herdar o capital político de Bolsonaro em 2026, caso o ex-presidente seja condenado e impedido de disputar as próximas eleições.
O julgamento que pode mudar tudo
Bolsonaro enfrenta, a partir desta semana, um processo que pode resultar em até 43 anos de prisão. A denúncia envolve os atos de 8 de janeiro e a acusação de tentativa de golpe de Estado. No STF, ministros já deram sinais de que a corte deve manter uma postura rígida diante do caso, o que aumentou a pressão dentro do campo bolsonarista.
É nesse cenário que Tarcísio aparece com um gesto político forte. A fala sobre o indulto não foi casual, mas planejada para coincidir com o avanço do julgamento. O objetivo é mostrar-se como o herdeiro natural do bolsonarismo caso Bolsonaro seja barrado pela Justiça.
A aposta é arriscada: ao mesmo tempo em que atrai os apoiadores do ex-presidente, abre espaço para críticas da oposição, que acusa o governador de desrespeitar as instituições.
Brasília em ebulição
Na véspera do julgamento, Tarcísio esteve em Brasília para discutir um projeto de anistia que poderia beneficiar não só Bolsonaro, mas também outros réus envolvidos nos atos antidemocráticos. Ele se reuniu com lideranças políticas, incluindo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e se aproximou de parlamentares aliados.
Mesmo assim, o movimento reforça a ideia de que Tarcísio aposta alto em um futuro onde Bolsonaro não pode mais disputar eleições — e ele, então, se coloca como o sucessor natural desse eleitorado.
Repercussão e cálculo político
Aliados de Bolsonaro celebraram a fala como um sinal de lealdade em um momento crítico. No bastidor, analistas veem a jogada como um gesto pragmático. Tarcísio tenta equilibrar a imagem de gestor moderado em São Paulo com a necessidade de se aproximar do eleitorado conservador nacionalmente. O indulto seria, nesse sentido, uma ponte direta com a militância bolsonarista.
Com isso, o governador de São Paulo entra de vez no tabuleiro presidencial, transformando o julgamento de Bolsonaro não apenas em um marco jurídico, mas também em combustível político para 2026.
Três pontos principais
- Tarcísio prometeu indulto imediato a Bolsonaro se chegar à Presidência
- o governador articula em Brasília um projeto de anistia para réus do 8 de janeiro
- a movimentação sinaliza estratégia eleitoral para herdar a base bolsonarista em 2026