
- Xiaomi lança IA de voz baseada no modelo MiDashengLM-7B, com uso em carros e aparelhos domésticos;
- Tecnologia integra base aberta da Alibaba e visa acelerar adoção de inteligência artificial multimodal;
- Estratégia reforça corrida da China por liderança global em IA, em meio a tensões com os EUA.
A Xiaomi anunciou nesta segunda-feira (4) o lançamento de um modelo de inteligência artificial por voz com código aberto, sinalizando sua entrada definitiva na corrida por tecnologias multimodais. A novidade foi revelada em uma publicação oficial no WeChat, acompanhada por detalhes sobre sua aplicação prática no ecossistema da marca.
Batizado de MiDashengLM-7B, o modelo já está integrado a carros e eletrodomésticos inteligentes da empresa. Desenvolvido sobre a base aberta Qwen2.5-Omni-7B, criada pela Alibaba, o projeto visa acelerar a adoção da IA fora do universo textual, ampliando sua utilidade em interações de voz com dispositivos conectados.
Tecnologia de voz reforça aposta no dia a dia
A proposta da Xiaomi é simples e ambiciosa: transformar a forma como os usuários interagem com seus produtos. A IA de voz atua como assistente integrada, capaz de operar funções em carros elétricos e smart homes com comandos verbais, sem necessidade de telas ou interfaces tradicionais.
Ademais, essa aplicação prática atende a uma demanda crescente por conveniência e conectividade. Usuários desejam realizar tarefas com fluidez, seja ao acionar o ar-condicionado, programar o forno ou consultar rotas no veículo. O modelo lançado busca justamente oferecer esse tipo de resposta rápida e personalizada.
Assim, ao adotar uma arquitetura de código aberto, a Xiaomi abre caminho para que desenvolvedores aprimorem e adaptem o modelo conforme as necessidades locais. Isso acelera a evolução do sistema e amplia sua capacidade de resposta a diferentes idiomas e contextos culturais.
Desse modo, a integração com a tecnologia da Alibaba também sinaliza uma estratégia conjunta entre grandes empresas chinesas para competir com a OpenAI e outras gigantes do Ocidente, que hoje dominam o setor de IA.
Empresa expande presença além dos smartphones
Nos últimos anos, a Xiaomi tem diversificado seu portfólio para reduzir a dependência do mercado de celulares. O segmento de veículos elétricos, por exemplo, tornou-se uma das frentes mais relevantes para o crescimento da empresa. A IA de voz surge como peça central nessa transição.
Além disso, com a integração do MiDashengLM-7B em seu carro elétrico SU7, a Xiaomi aposta em um diferencial competitivo no mercado automotivo. A presença de assistentes de voz embutidos no veículo melhora a experiência do motorista e posiciona o modelo como referência em tecnologia embarcada.
Nesse sentido, a empresa também expande a funcionalidade da IA para seus eletrodomésticos inteligentes, como geladeiras, purificadores de ar e aspiradores. Ao centralizar o comando por voz, ela simplifica o uso desses aparelhos e reforça a ideia de um ecossistema unificado.
Portanto, esse movimento estratégico amplia a percepção de valor dos produtos da Xiaomi e fortalece sua presença em categorias de consumo que vão além da telefonia, conectando tecnologia, conveniência e inteligência artificial.
China acelera a corrida global por IA aberta
O lançamento do modelo de voz ocorre em meio a uma disputa intensa entre China e Estados Unidos pelo domínio da inteligência artificial. Enquanto empresas americanas como OpenAI mantêm códigos fechados, companhias chinesas vêm apostando em soluções abertas para ganhar escala e engajamento.
Além da Xiaomi e da Alibaba, empresas como Tencent Holdings também lançaram modelos de IA nos últimos meses, voltados para interpretação de vídeo, imagem e som. Sendo assim, essa frente tecnológica busca acelerar a adoção da IA no cotidiano e democratizar seu acesso a desenvolvedores independentes.
Ademais, o governo chinês, inclusive, incentiva essas iniciativas como parte de sua estratégia nacional. Xi Jinping e Donald Trump já enfatizaram que o avanço em IA será crucial para garantir vantagem competitiva nas próximas décadas.
Por fim, nesse contexto o movimento da Xiaomi reforça a posição da China como potência tecnológica e desafia o domínio atual das plataformas ocidentais, oferecendo uma alternativa viável para o uso prático da IA no dia a dia.