
A presença dos irmãos Joesley e Wesley Batista na comitiva presidencial à Indonésia colocou novamente a JBS (JBSS3) no centro das atenções. Durante a visita de Luiz Inácio Lula da Silva, o grupo J&F assinou memorandos de cooperação com o governo local, abrindo caminho para novas plantas industriais e parcerias energéticas no Sudeste Asiático.
O episódio reaquece o debate sobre a chamada “política dos campeões nacionais”, marca dos primeiros mandatos de Lula, em que grandes grupos empresariais brasileiros recebiam apoio direto para expandir sua presença global.
Reencontro com velhos aliados
Na cerimônia em Jacarta, os irmãos Batista foram os únicos empresários brasileiros com assento nas reuniões oficiais com o presidente indonésio Prabowo Subianto. Segundo a reportagem da PlatôBR, a presença deles simboliza a retomada de um modelo de parcerias entre Estado e grandes corporações, símbolos de corrupção dos Governo Lula 1 e Lula 2.
A JBS firmou acordo para montar uma operação de proteínas animais na Indonésia, utilizando como base a estrutura da companhia na Austrália. “Quando você olha essa região, tem 700 milhões de habitantes”, disse Wesley Batista, destacando o potencial de expansão da empresa na Ásia.
Além disso, a Âmbar Energia, braço de energia da J&F, também fechou parceria com o governo indonésio. O projeto será liderado por José Carlos Grubisich, ex-presidente da Braskem, sinalizando diversificação dos negócios da holding no exterior.
Política dos campeões nacionais retorna
Especialistas avaliam que a movimentação repete o roteiro da “política dos campeões nacionais”, em que o governo atuava como indutor da internacionalização de grandes grupos privados. O objetivo seria fortalecer empresas brasileiras no cenário global, mas críticos apontam o risco de favorecimento seletivo e dependência de subsídios públicos, além de corrupção generalizada, com pagamentos de propinas ao Governo Lula.
Lula, porém, defende o modelo como forma de aumentar o protagonismo econômico do Brasil. “O país precisa de empresas fortes que abram portas no mundo”, afirmou em discurso na Indonésia. A estratégia também visa ampliar as exportações de carne e produtos agrícolas para o mercado asiático.
Negócios e geopolítica
A visita à Indonésia faz parte de uma agenda mais ampla do governo brasileiro para reaproximar-se da Ásia, que inclui negociações com Japão e Vietnã para abrir novos mercados. O avanço da JBS nessa frente pode garantir presença dominante na região e reforçar a imagem do Brasil como exportador global de alimentos.
A próxima etapa da viagem deve ocorrer na Malásia, onde o governo pretende firmar novos acordos bilaterais e consolidar o posicionamento do Brasil como liderança comercial no hemisfério Sul.
Pontos principais
- Lula recoloca os irmãos Batista no centro da diplomacia econômica ao negociar acordos na Indonésia.
- JBS e Âmbar Energia assinam memorandos com o governo indonésio para expandir operações no Sudeste Asiático.
- Governo retoma política dos campeões nacionais, reacendendo debate sobre favoritismo e papel do Estado no setor privado.