Estratégia de redução

"Abrasileiramento" garantiu lucro, afirma Magda Chambriard

Estratégia de redução de preços é considerada bem-sucedida, mas impacto para o consumidor final é limitado.

Magda Chambriard - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Magda Chambriard - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
  • Petrobras obteve lucro de R$ 32,6 bilhões no 3º trimestre de 2024, após reduzir os preços dos combustíveis
  • Gasolina e diesel estão mais baratos, mas o impacto ao consumidor é limitado pela falta de controle sobre a distribuição
  • Petrobras agora vende combustíveis diretamente a grandes consumidores, como a Vale, com foco em biodiesel
  • Expectativa de queda no preço do barril em 2025, mas conflitos podem aumentar os preços e afetar os combustíveis

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou, no último domingo (29), que a companhia teve sucesso em sua estratégia de “abrasileirar” o preço dos combustíveis. Ou seja, ajustar os preços praticados nas refinarias da estatal para um nível mais competitivo no mercado brasileiro.

A medida foi considerada positiva pela executiva, que destacou que, mesmo com a venda de combustíveis abaixo do valor do PPI (Preço de Paridade de Importação), a Petrobras conseguiu manter a rentabilidade. Ainda, com um lucro de R$ 32,6 bilhões no terceiro trimestre de 2024.

Impacto para o consumidor

Em entrevista à Band News, Chambriard explicou que a gasolina e o diesel produzidos pela Petrobras estão “sensivelmente” mais baratos do que estavam no final do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

No entanto, ela ressaltou que, embora os preços na refinaria tenham sido reduzidos, o impacto para o consumidor final não é total. Já que a estatal não tem mais influência sobre a distribuição dos combustíveis.

Isso ocorre desde 2019, quando a Petrobras vendeu seu braço de distribuição para a Vibra. Contudo, em um movimento alinhado ao plano de desinvestimentos iniciado no governo Michel Temer e mantido por Bolsonaro.

“Abrasileirar” os preços

A presidente da Petrobras lembrou que, durante a campanha presidencial de 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou a expressão “abrasileirar” os preços. O que, no entanto, se tornou uma das bandeiras do atual governo no setor de energia.

“Estamos fazendo dinheiro depois de abrasileirar os preços. O combustível está sensivelmente mais barato do que no final de 2022. O que chega ao consumidor é parte nosso, mas tem a parte de outros atores que não nos competem”, afirmou Chambriard.

De acordo com a presidente, a Petrobras não tem interesse em retomar a operação no setor de distribuição de combustíveis no curto prazo. No entanto, a empresa está criando uma nova estratégia de comercialização diretamente com grandes consumidores, como a Vale.

A parceria com a mineradora tem como objetivo a revenda de diesel com maior percentual de biodiesel, contribuindo para a descarbonização das atividades de mineração da empresa. Além disso, a venda direta dos combustíveis para grandes clientes ajuda a reduzir o preço final, uma vez que elimina o intermediário.

“Por enquanto não estamos pensando em voltar ao setor de distribuição, mas estamos focados na venda de combustíveis para grandes consumidores. Temos uma parceria com a Vale para revenda de derivados especiais, como diesel com renováveis. A venda direta para grandes consumidores é o que nos interessa”, disse a presidente da Petrobras.

Desafios de mercado e projeções

A estratégia de “abrasileiramento” dos preços também ocorre em um cenário de volatilidade no mercado global de petróleo.

O Banco Mundial, em relatório de outubro, apontou para uma possível queda no preço do barril de petróleo em 2025, devido a uma sobreoferta da commodity.

Segundo a análise, a expectativa é que o barril de petróleo fique, em média, a US$ 73, o nível mais baixo desde a pandemia de Covid-19. No entanto, o banco também advertiu que os preços poderiam aumentar substancialmente caso conflitos internacionais impactassem a produção, como ocorreu no Oriente Médio.

Nesse caso, o barril poderia atingir US$ 92, influenciando os preços internos de gasolina e diesel.

Magda Chambriard observou que uma eventual alta no preço do petróleo pressionaria a Petrobras a ajustar seus preços. Mas, a empresa também pode optar por não repassar completamente esse aumento ao consumidor, mantendo uma estratégia de proteção da margem de lucro.

Por outro lado, um petróleo mais barato poderia afetar negativamente a receita da estatal, que depende do preço do barril para gerar receita significativa.

A Petrobras, por meio de sua presidente, demonstrou confiança em sua estratégia comercial, mas também reconhece que o mercado de petróleo está sujeito a flutuações externas, que podem afetar tanto sua rentabilidade quanto a dinâmica de preços no Brasil.