- Após um tombo de quase 8% na última quinta-feira (16), as ações da Petz retornaram ao patamar em que estavam antes do anúncio de fusão com a Cobasi
- A queda é a maior intraday desde junho de 2022
- Assim, refletindo a insatisfação do mercado com os recentes resultados financeiros da empresa
Após um tombo de quase 8% na última quinta-feira (16), as ações da Petz (PETZ3) retornaram ao patamar em que estavam antes do anúncio de fusão com a Cobasi. Mesmo que, ainda em processo de due diligence. A queda é a maior intraday desde junho de 2022. Assim, refletindo a insatisfação do mercado com os recentes resultados financeiros da empresa.
No segundo trimestre, a Petz registrou um aumento de 3,8% nas vendas brutas, atingindo R$ 981 milhões. Porém, esse crescimento ficou 2,2% abaixo do consenso do mercado. O avanço veio principalmente das vendas online, que saltaram 29,2% e agora representam 44,4% do total das vendas da companhia, um crescimento de 8,7 pontos percentuais em comparação ao ano anterior.
Por outro lado, as lojas físicas mostraram sinais de fraqueza, com uma retração de 10,2% na comparação anual. Esse desempenho revela o desafio enfrentado pela Petz em equilibrar sua presença digital e física em um mercado altamente competitivo.
A Petz enfrenta uma batalha intensa não apenas com seus concorrentes diretos, mas também com gigantes dos marketplaces como Mercado Livre, Amazon e Petlove. A disputa pelo bolso dos “pais de pet” está se tornando cada vez mais acirrada, levando a uma competição que compromete as margens da companhia.
“Mesmo crescendo na internet, a Petz vem perdendo market share para os marketplaces. Está difícil ser otimista com a tese,” apontou um gestor que acompanha a ação.
Margens e EBITDA
A Petz enfrentou um trimestre desafiador, refletindo as pressões tanto no cenário operacional quanto no tributário. Impactada pela queda nas margens de seu e-commerce e pelo aumento do ICMS, a companhia registrou uma queda de 7,5% no EBITDA ajustado. Este, que ficou em R$ 60 milhões, frustrando as expectativas do mercado. Isto, que esperava um crescimento de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Essa pressão nas margens resultou em uma queda de 40 pontos base na margem EBITDA. Esta, que recuou para 6,1%, bem abaixo da expectativa de 6,8% dos analistas. Esse desempenho mostra que os desafios enfrentados pela Petz em manter sua lucratividade em um ambiente de alta competitividade. Isto, no setor de e-commerce são significativos.
Além disso, o bottom line da empresa apresentou um tombo ainda mais acentuado, com uma queda de 80% na comparação anual, encerrando o trimestre com um lucro líquido de apenas R$ 5 milhões. Esse resultado reforça as dificuldades enfrentadas pela Petz para converter receita em lucro, especialmente em um cenário de competição acirrada e custos crescentes.
Apesar desse cenário desafiador, o CEO Sergio Zimerman expressou otimismo em sua carta aos investidores, destacando uma tendência de melhora nas vendas. Ele mencionou que os números de julho e agosto são “os melhores do período” e que a empresa está otimista para o desempenho no segundo semestre. No entanto, o mercado, cauteloso, parece preferir adotar uma postura de espera antes de compartilhar desse otimismo.
O quadro geral sugere que, enquanto a Petz trabalha para superar esses obstáculos e buscar uma recuperação, o mercado deve continuar observando com atenção os próximos passos da companhia, especialmente no que diz respeito à sua capacidade de reverter a queda nas margens e retomar o crescimento sustentável.
“A informação de que as vendas melhoraram provavelmente fará com que os investidores se concentrem em quanto essa melhoria poderá significar para o segundo semestre de 2024, mas acreditamos que os investidores focarão na atualização da fusão com a Cobasi,” escreveu a analista Irma Sgarz, da Goldman Sachs.
Cálculo de sinergias
A Petz informou que já completou boa parte do processo de cálculo de sinergias com a Cobasi, e que o período de negociação exclusiva entre as duas empresas termina em 23 de agosto, podendo ser prorrogado por 30 dias. A analista Danniela Eiger, da XP, estima que a nova companhia precisaria fechar 38 das 482 lojas, com 90% dos fechamentos em São Paulo.
Apesar disso, os analistas não esperam medidas drásticas do CADE devido à concorrência pulverizada no setor. Com a queda significativa das ações, há gestores que acreditam que a fusão pode nem acontecer.
“Eles colocaram o preço de referência a R$ 7,10 e o deal é non-binding, então não teria penalidade alguma. Meu chute seria que esse deal não vai sair,” afirma um gestor.
A Petz acumula uma queda de 35% nos últimos 12 meses e tem valor de mercado de R$ 1,6 bilhão na B3, com suas ações negociadas a R$ 3,53.