
Formadores de opinião, responsáveis por difundir a educação financeira e popularizar o universo de investimento no Brasil, conhecidos como influenciadores, cada vez mais chamam a atenção de instituições do mercado, como bancos e corretoras. Recentemente, eles entraram nos radares da justiça e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A disputa entre a Suno e a gestora de recursos Hectare jogou mais luz à essa discussão. A recente ação movida contra a Suno para proteger os cotistas do fundo imobiliário HCTR11 de perdas provocadas por uma possível manipulação de mercado teve origem em abril de 2022.
Naquele mês, oscilações anormais na cota chamaram a atenção da B3 (Bolsa de Valores brasileira), gerando um questionamento formal à administradora do fundo, a Vórtx. Até então não havia informações sobre qualquer evento relacionado ao HCTR11 que justificasse a movimentação atípica.
Após longa e criteriosa apuração, a Hectare encontrou indícios de uma campanha difamatória promovida nas redes sociais, aplicativos de mensagens e sites de notícia contra o HCTR11. Publicações de influenciadores digitais ligados à Suno insinuavam falsas irregularidades na gestão fundo, carregadas de alarmismo.
Ao que tudo indica o objetivo das afirmações enganosas era afugentar os investidores do HCTR11. Não por coincidência, os ataques foram feitos durante a oferta pública de cotas do fundo, quando a gestora estava em período de silêncio e, portanto, impedida de refutar as acusações.
As publicações com informações falsas impactaram fortemente o volume de negociação do HCTR11, gerando volatilidade no preço da cota e em seu valor de mercado. Em abril de 2022, o fundo teve oscilação atípica em suas cotas, com variação de quase 25% num intervalo curto de tempo. Esse movimento indevido culminou em prejuízo para toda a base de cotistas, principalmente para aqueles que, assustados com o falso alarme, encerraram suas posições com prejuízo.
Em fevereiro deste ano, os escritórios da Suno foram alvo de uma operação de busca e apreensão determinada pela 42ª Vara Cível de São Paulo, que abriu uma investigação relativa à uma suposta manipulação no mercado de fundos imobiliários. A CVM, por sua vez, solicitou esta semana o compartilhamento das provas para abertura de um inquérito administrativo.
A Hectare, em fato relevante divulgado, informa que desde que foi impactada pelo movimento articulado nas redes sociais, vem tomando as medidas cabíveis para proteger os interesses da base de cotistas do HCTR11, assumindo todo e qualquer custo relacionado a essas medidas, na instância criminal, cível e regulatória.