- Ações da farmacêutica dinamarquesa despencaram 27% em março, seu pior desempenho mensal em 20 anos
- Empresa cedeu posto de mais valiosa do continente para a SAP, após valor de mercado recuar de US$ 600 bi
- Desempenho fraco do Wegovy (obesidade) preocupa investidores, com avanço do rival Zepbound (Eli Lilly) no mercado
As ações da Novo Nordisk enfrentam seu pior mês em mais de duas décadas, com uma queda de 27% em março. A fabricante dinamarquesa, que já foi avaliada em mais de US$ 600 bilhões, perdeu seu posto de empresa mais valiosa da Europa para a desenvolvedora de software SAP.
O fraco desempenho do Wegovy, seu medicamento para obesidade, tem preocupado investidores, especialmente diante do avanço do rival Zepbound, da Eli Lilly.
Dados fracos aumentam pressão sobre a farmacêutica
Investidores, portanto, acompanham atentamente os dados semanais de prescrição nos EUA para avaliar o crescimento do Wegovy e sua disputa com o Zepbound. Até agora, os números ficaram abaixo das expectativas, o que levou à forte desvalorização das ações da Novo Nordisk.
O analista Thibault Boutherin, do Morgan Stanley, destacou que a Eli Lilly vem ganhando participação de mercado, enquanto o total de prescrições da Novo e as prescrições de doses iniciais permanecem estáveis.
Decepções em estudos clínicos intensificam quedas
A queda nas ações também reflete uma sequência de resultados decepcionantes em pesquisas da farmacêutica.
No ano passado, a Novo Nordisk divulgou dados abaixo do esperado para sua pílula experimental de perda de peso, monlunabant, e para sua injeção CagriSema, que não atingiu as expectativas da própria empresa, especialmente em pacientes com diabetes. Esses contratempos abalaram a confiança dos investidores.
“Não acho que a Novo seja um desastre, mas as pessoas começaram a questionar seu crescimento preeminente”, afirmou Luyi Guo, analista da Janus Henderson Investors.
Perspectivas e debate entre analistas
Com a queda no valor de mercado para cerca de US$ 300 bilhões, analistas divergem sobre o futuro da Novo Nordisk. Enquanto a Intron Health e a Stifel rebaixaram suas avaliações, David Evans, da Kepler Cheuvreux, elevou sua recomendação para compra, apostando em uma recuperação.
Apesar do cenário desafiador, 24 das 34 casas de análise acompanhadas pela Bloomberg ainda recomendam a compra das ações. O preço-alvo médio, no entanto, sugere uma valorização de mais de 60% nos próximos 12 meses, mas sem um catalisador imediato para impulsionar essa recuperação.
Boutherin, do Morgan Stanley, alerta que a dinâmica de prescrição nos EUA e a incerteza sobre a consolidação do mercado de obesidade continuarão a influenciar o desempenho da Novo Nordisk no curto prazo. Enquanto isso, investidores seguem atentos à capacidade da empresa de recuperar sua trajetória de crescimento.