Ações da MRV desabam 10%: o que aconteceu?

A MRV Engenharia (MRVE3), uma das maiores construtoras do país, registrou uma das maiores quedas no Ibovespa nesta quinta-feira, refletindo não só o dia desfavorável para empresas cíclicas devido à alta dos juros futuros, mas também a repercussão negativa de uma revisão de recomendação pelo UBS BB. O banco rebaixou a recomendação de compra para neutra e reduziu drasticamente o preço-alvo das ações, desencadeando preocupações entre investidores e analistas de mercado.

A sessão de negociações desta quinta-feira foi marcada por uma queda expressiva de 9,46% nas ações da MRV, atingindo o valor de R$ 6,70. Esse movimento negativo contribui para uma desvalorização acumulada de aproximadamente 40% no ano, evidenciando um cenário desafiador para a construtora no mercado de capitais.

A alteração na perspectiva do UBS BB, que incluiu a redução do preço-alvo de R$ 20 para R$ 8,50 (um corte de 57,5%), reflete uma série de preocupações em relação à gestão financeira e operacional da MRV. A nova avaliação ainda sugere um potencial de valorização de 15% em relação ao fechamento da véspera, mas o rebaixamento da recomendação de compra para neutra sinaliza cautela em relação ao futuro próximo da empresa.

O impacto

O rebaixamento da recomendação pelo UBS BB foi motivado, segundo o banco, pela crescente complexidade financeira da MRV, que se tornou mais dependente de concessões de crédito. Essa dependência aumenta o risco e a complexidade do modelo de negócios da construtora no Brasil, especialmente em um contexto de alta nos juros futuros, que tende a encarecer o crédito e afetar negativamente as condições de financiamento imobiliário.

Os analistas do banco também destacam as consequências da pressão de custos vivenciada durante a pandemia da COVID-19, além de problemas relacionados às concessões pro soluto e à dispendiosa titularização, que complicam as projeções para a geração de caixa da empresa.

Uma das principais preocupações do UBS BB é o fraco desempenho operacional da MRV, que pode levar a uma queima de caixa no curto prazo. Além disso, a possibilidade de futuras emissões de dívida pela empresa tende a aumentar as despesas financeiras, pressionando ainda mais a saúde financeira da construtora.

Embora a inadimplência de ativos emitidos pela MRV não seja vista como uma grande fonte de preocupação no momento, a falta de detalhes sobre créditos sem garantias nas demonstrações financeiras da empresa também foi apontada como um ponto de atenção pelo banco.