
- Elon Musk criticou o plano de Trump, que prevê cortes nos subsídios para energia limpa; Trump respondeu atacando a Tesla.
- Ações da Tesla caíram 5,8% no pré-mercado europeu.
- Conflito pode afetar todo o setor de veículos elétricos, especialmente empresas que dependem de incentivos ambientais.
A relação conturbada entre Elon Musk e Donald Trump voltou a ganhar os holofotes e provocou impacto direto no mercado financeiro. As ações da Tesla caíram 5,8% no pré-mercado europeu nesta segunda-feira (1º) após um novo embate entre os dois bilionários. Trump acusou Musk de ser “dependente de subsídios do governo”, em resposta às críticas feitas pelo CEO da Tesla ao plano tributário do republicano.
A tensão cresceu depois que Musk afirmou que as propostas de Trump “sabotam a inovação” ao promover cortes drásticos nos incentivos a energias limpas. A crítica incomodou aliados do presidente, que reagiram publicamente. A resposta mais forte, no entanto, veio do próprio Trump, que classificou Musk como “um empresário que só se mantém de pé com o dinheiro do contribuinte”.
Queda imediata no mercado
Logo após o embate, os papéis da Tesla registraram forte queda nas negociações prévias do mercado europeu. A perda de 5,8% em poucas horas reflete o temor de investidores diante de um possível revés regulatório vindo da Casa Branca.
A Tesla é uma das empresas mais beneficiadas pelas políticas de transição energética nos Estados Unidos. Programas federais oferecem créditos tributários significativos para veículos elétricos, o que ajuda a impulsionar a demanda. Por isso, qualquer proposta de corte nesses subsídios do governo gera insegurança.
Além disso, o mercado avalia que o tom mais agressivo de Trump pode afastar parte da base conservadora da Tesla, especialmente investidores que viam Musk como uma figura alinhada à direita. A relação entre os dois já foi de proximidade, mas tem se deteriorado.
Do alinhamento à ruptura
Durante o primeiro mandato de Trump, Musk chegou a participar de conselhos consultivos ligados ao governo. No entanto, rompeu publicamente com o ex-presidente após a saída dos EUA do Acordo de Paris, em 2017. Nos anos seguintes, apesar de algumas aproximações pontuais, a relação se manteve instável.
A situação piorou com a corrida eleitoral de 2024. Musk passou a criticar abertamente o protecionismo econômico defendido por Trump, especialmente no setor automotivo. Para ele, o modelo republicano favorece montadoras tradicionais e prejudica empresas inovadoras.
Nos bastidores, aliados de Musk já vinham alertando para um possível revide de Trump. A fala sobre “dependência de subsídios” foi vista como o estopim de uma guerra política que pode se intensificar nos próximos meses. Ambos são figuras altamente midiáticas e com grande influência sobre investidores, o que torna o embate ainda mais sensível para o mercado.
Impacto além da Tesla
Embora a Tesla seja o alvo direto da crise, o conflito pode respingar em todo o setor de veículos elétricos. Empresas como Rivian, Lucid Motors e até fornecedores da cadeia de baterias registraram leve retração em seus papéis logo após as falas de Trump.
Além disso, a incerteza em relação à política energética americana pressiona as ações de empresas que apostam na descarbonização. Se Trump retomar uma agenda contrária aos subsídios do governo verdes, haverá uma reacomodação nos planos de expansão de várias companhias.
Ainda assim, analistas ressaltam que o mercado pode estar reagindo de forma exagerada no curto prazo. “A Tesla continua com fundamentos sólidos, mas esse tipo de instabilidade política sempre afeta as empresas mais expostas a regulação”, afirmou um gestor ouvido pela Bloomberg.