A aprovação na última quarta-feira (19) no Parlamento Britânico do acordo bilateral entre Brasil e Reino Unido deve impactar de forma positiva as atividades de fusões e aquisições (M&A) envolvendo empresas dos dois países, além de estreitar as relações comerciais e trazer mais segurança jurídica às negociações. A avaliação é do economista Adam Patterson, sócio da Redirection International, consultoria especializada em fusões e aquisições e desenvolvimento corporativo, e Vice-Presidente da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (filial Paraná).
O acordo, assinado em novembro do ano passado, evita a dupla tributação nas transações entre Brasil e Reino Unido em pagamentos de dividendos, royalties, serviços, juros e outros tipos de transações que tenham incidência de impostos sobre a renda ou sobre o lucro.
“Este é um grande avanço na relação comercial com o Reino Unido e uma resposta às demandas da comunidade empresarial em ambos os países. A dupla tributação aumenta o custo do comércio e do investimento transfronteiriço, mas agora, com a cobrança única, teremos mais segurança jurídica, facilitando os investimentos de longo prazo e com maior previsibilidade e certeza tributária”, destaca Adam Patterson.
O economista ressalta que o Reino Unido já é um importante parceiro comercial do Brasil e, somente em 2022 o comércio de bens e serviços entre as duas nações movimentou aproximadamente R$ 46 bilhões entre importações e exportações, volume 29,2% maior do que em 2021. Além disso, no ano passado o Reino Unido foi o segundo país no ranking de investimentos em fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras, atrás apenas dos Estados Unidos, com mais de 40 transações concluídas. As atividades de M&A envolvendo corporações brasileiras e britânicas giram em torno de US$ 2,5 bilhões por ano, com foco principalmente nos setores de petróleo e gás, finanças, energia, educação e tecnologia.
“O acordo é extremamente positivo para as multinacionais do Reino Unido que operam ou planejam entrar no mercado brasileiro e para as empresas brasileiras ativas no Reino Unido. É um grande alicerce para aumentar ainda mais o comércio, o investimento e a visibilidade fiscal entre os dois países. Certamente o acordo irá acelerar ainda mais as atividades de M&A de empresas britânicas aqui no Brasil”, afirma.
Para atrair mais investimentos britânicos ao Brasil e estreitar as relações com investidores dos dois países, a Redirection International promoveu uma missão comercial ao Reino Unido no final do ano passado e planeja uma nova viagem ainda em 2023. A empresa já possui um histórico de operações envolvendo companhias globais que planejam entrar no Brasil e conta com um escritório em Londres, com foco em ajudar as empresas brasileiras no processo de internacionalização e desenvolvimento de parcerias, como joint ventures e alianças estratégicas com empresas globais.
A expectativa é que o acordo bilateral facilite a importação de tecnologia e de serviços não disponíveis no mercado interno, aumentando assim a produção, inovação e a competitividade das empresas dos dois países.
“O mercado brasileiro deve atrair mais investidores britânicos e os investimentos das empresas brasileiras no Reino Unido ficarão mais fáceis. Isso com certeza promoverá as parcerias comerciais, a geração de empregos e o crescimento econômico”, destaca Adam Patterson. Para entrar em vigor, o acordo ainda precisa ser ratificado no Congresso Nacional.