- O Google exibiu, erradamente, a cotação do dólar a R$ 6,35 na quarta-feira de Natal, quando os mercados estavam fechados devido ao feriado
- A Advocacia Geral da União (AGU) pedirá informações ao Banco Central para investigar o erro e avaliar uma possível ação jurídica contra a plataforma
- O Google afirmou que os dados de cotação em tempo real são fornecidos por provedores terceirizados, como a Morningstar, e que está investigando o ocorrido
- O Banco Central, que monitora a volatilidade do mercado cambial, comprometeu-se a fornecer os dados solicitados pela AGU a partir de quinta-feira, 26 de dezembro
A Advocacia Geral da União (AGU) informou que pedirá informações ao Banco Central (BC) nesta quinta-feira (26), sobre o erro na cotação do dólar exibida no Google durante a quarta-feira de Natal.
O valor incorreto da moeda, que apareceu o dia todo no buscador, gerou preocupações sobre possíveis implicações jurídicas. E, no entanto,poderá resultar em uma ação contra a plataforma.
Sem negociações
O valor exibido pelo Google para o dólar foi de R$ 6,35, mas, como os mercados estavam fechados devido ao feriado, não houve negociações na data.
Na véspera de Natal, também não ocorreram transações cambiais. Na prática, o contrato futuro do dólar mais líquido, com vencimento em janeiro de 2025, fechou em R$ 6,2050. Enquanto a cotação do dólar à vista terminou em R$ 6,1851.
O valor do dólar registrado na quarta-feira passada (18), que foi de R$ 6,267, já estava abaixo do valor indicado na busca do Google.
A AGU, por meio de nota, afirmou que a solicitação de informações ao Banco Central visa reunir dados que possam embasar uma possível atuação jurídica contra a gigante de buscas, que também opera no Brasil.
O Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estadão, apurou que a intenção da AGU é identificar as causas do erro e determinar responsabilidades, caso seja confirmada a falha na exibição da cotação.
Incidente
Este não é o primeiro incidente envolvendo a exibição incorreta da cotação do dólar no Google. No entanto, o erro desta vez é mais significativo, pois ocorreu durante um feriado, quando os mercados estavam fechados e não havia transações cambiais. No entanto, o que torna o valor exibido ainda mais destoante da realidade.
A plataforma respondeu oficialmente, afirmando que os dados de cotação apresentados em tempo real são fornecidos por provedores globais terceirizados, como a Morningstar, uma empresa especializada em dados financeiros, com sede em Chicago e presença em 27 países.
O Google afirmou que trabalha em parceria com seus fornecedores para garantir a precisão dos dados e está investigando o ocorrido. A empresa também destacou que, em seu site, é possível acessar informações sobre suas fontes de dados.
Por sua vez, o Banco Central se comprometeu a fornecer as informações solicitadas pela AGU a partir de amanhã.
O presidente interino do BC, Gabriel Galípolo, reforçou a importância da questão e colocou sua equipe em alerta. Inclusive os funcionários de plantão durante o feriado de Natal, para garantir que os dados sejam entregues de forma precisa e em tempo hábil.
Monitoramento do mercado
O Banco Central tem monitorado de perto as oscilações do mercado cambial, que tem registrado momentos de grande volatilidade desde o início de 2024.
Esse comportamento do mercado está relacionado, entre outros fatores, à significativa saída de dólares do País. Especialmente neste final de ano, quando as remessas de recursos tendem a ser maiores.
O BC tem intensificado as suas operações para garantir liquidez no mercado. Dessa forma, oferecendo valores superiores ao habitual para essa época do ano.
Este episódio levanta questões sobre a precisão das informações financeiras exibidas em plataformas digitais e a responsabilidade das empresas de tecnologia em garantir dados corretos para os consumidores, especialmente em tempos de alta volatilidade econômica.
A atuação da AGU pode marcar um precedente importante para ações futuras sobre a exibição de cotações erradas por plataformas globais.