
- Senador aliado de Trump quer punir Brasil com tarifa de 100% por manter laços com a Rússia
- Pressão dos EUA cresce sobre membros do Brics que importam petróleo russo
- Retórica ameaça soberania energética e diplomática brasileira em meio a nova guerra fria comercial
O Brasil virou alvo direto de uma das vozes mais influentes do trumpismo nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira (21), o senador Lindsey Graham ameaçou “esmagar” a economia brasileira caso o país continue comprando petróleo da Rússia, em meio ao conflito na Ucrânia.
A fala ocorreu durante uma entrevista à Fox News. Sendo assim, Graham defendeu abertamente a aplicação de tarifas de até 100% sobre exportações brasileiras, classificando as relações comerciais com Moscou como um apoio indireto ao esforço de guerra de Vladimir Putin. Desse modo, segundo ele, o Brasil estaria financiando “com dinheiro manchado de sangue” a invasão russa.
Nova ameaça: tarifa de 100% no radar dos EUA
“Vamos impor tarifas pesadas e vamos esmagar suas economias”, declarou Graham. Além disso, segundo ele, Trump quer retaliar não apenas Moscou, mas todos que mantêm negócios com o Kremlin. Brasil, China e Índia, principais parceiros do regime de Putin no Brics, são os alvos diretos.
De forma provocadora, o senador desafiou: “Esses países vão ter que escolher entre a economia americana e ajudar Putin. E eu acho que vão escolher a economia americana”. Portanto, a declaração evidencia o tom impositivo que pode dominar a política externa dos EUA em um possível segundo mandato de Trump.
Brasil se vê encurralado entre aliados
Apesar de tentar manter neutralidade pública no conflito, o Brasil continua importando petróleo e diesel russos em larga escala. Além disso, mantém forte parceria na área de fertilizantes e grãos, o que sustenta a base do agronegócio nacional. Agora, essas relações se tornaram motivo de ameaça direta de sanções.
Ademais, na semana anterior, Trump deu um prazo de 50 dias para a Rússia encerrar a guerra. Caso isso não ocorra, ele promete aplicar uma tarifa de 100% sobre todos os produtos russos. O discurso foi reforçado pelo novo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que convocou os países do Brics a aumentar a pressão contra o regime de Putin.
Desse modo, com esse novo argumento, o da guerra, os EUA pretendem usar sua força comercial para coagir parceiros estratégicos. Nesse cenário, o Brasil corre o risco de perder espaço nos mercados internacionais e, ao mesmo tempo, comprometer sua autonomia diplomática.
Soberania energética em xeque
A ameaça não se limita a taxas alfandegárias. O discurso de Graham coloca em xeque a própria soberania energética do Brasil, especialmente diante da dependência de combustíveis e insumos russos. Cortar essa relação significaria aumentar custos internos e, possivelmente, gerar crise no setor agrícola.
Além disso, o risco de isolamento diplomático também cresce. O Brasil já vinha sendo pressionado por questões comerciais, como incentivos ao Pix e regulamentações digitais locais. Agora, o fator guerra transforma a disputa em um embate moral: quem continuar negociando com Putin será punido.
Por fim, o tom adotado por Graham é um sinal claro da linha que deve predominar caso Trump retorne à Casa Branca. Não se trata apenas de proteger interesses econômicos dos EUA, mas de impor sua agenda global mesmo aos países que não estão diretamente envolvidos no conflito.