Conflito econômico

Aliado de Trump ameaça destruir economia do Brasil por causa de petróleo russo

Senador Lindsey Graham defende tarifa de até 100% sobre exportações brasileiras como punição por compras de combustível da Rússia.

Senador dos EUA Lindsey Graham Foto: EFE/EPA/ALLISON DINNER
Senador dos EUA Lindsey Graham Foto: EFE/EPA/ALLISON DINNER
  • Senador aliado de Trump quer punir Brasil com tarifa de 100% por manter laços com a Rússia
  • Pressão dos EUA cresce sobre membros do Brics que importam petróleo russo
  • Retórica ameaça soberania energética e diplomática brasileira em meio a nova guerra fria comercial

O Brasil virou alvo direto de uma das vozes mais influentes do trumpismo nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira (21), o senador Lindsey Graham ameaçou “esmagar” a economia brasileira caso o país continue comprando petróleo da Rússia, em meio ao conflito na Ucrânia.

A fala ocorreu durante uma entrevista à Fox News. Sendo assim, Graham defendeu abertamente a aplicação de tarifas de até 100% sobre exportações brasileiras, classificando as relações comerciais com Moscou como um apoio indireto ao esforço de guerra de Vladimir Putin. Desse modo, segundo ele, o Brasil estaria financiando “com dinheiro manchado de sangue” a invasão russa.

Nova ameaça: tarifa de 100% no radar dos EUA

“Vamos impor tarifas pesadas e vamos esmagar suas economias”, declarou Graham. Além disso, segundo ele, Trump quer retaliar não apenas Moscou, mas todos que mantêm negócios com o Kremlin. Brasil, China e Índia, principais parceiros do regime de Putin no Brics, são os alvos diretos.

De forma provocadora, o senador desafiou: “Esses países vão ter que escolher entre a economia americana e ajudar Putin. E eu acho que vão escolher a economia americana”. Portanto, a declaração evidencia o tom impositivo que pode dominar a política externa dos EUA em um possível segundo mandato de Trump.

Brasil se vê encurralado entre aliados

Apesar de tentar manter neutralidade pública no conflito, o Brasil continua importando petróleo e diesel russos em larga escala. Além disso, mantém forte parceria na área de fertilizantes e grãos, o que sustenta a base do agronegócio nacional. Agora, essas relações se tornaram motivo de ameaça direta de sanções.

Ademais, na semana anterior, Trump deu um prazo de 50 dias para a Rússia encerrar a guerra. Caso isso não ocorra, ele promete aplicar uma tarifa de 100% sobre todos os produtos russos. O discurso foi reforçado pelo novo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que convocou os países do Brics a aumentar a pressão contra o regime de Putin.

Desse modo, com esse novo argumento, o da guerra, os EUA pretendem usar sua força comercial para coagir parceiros estratégicos. Nesse cenário, o Brasil corre o risco de perder espaço nos mercados internacionais e, ao mesmo tempo, comprometer sua autonomia diplomática.

Soberania energética em xeque

A ameaça não se limita a taxas alfandegárias. O discurso de Graham coloca em xeque a própria soberania energética do Brasil, especialmente diante da dependência de combustíveis e insumos russos. Cortar essa relação significaria aumentar custos internos e, possivelmente, gerar crise no setor agrícola.

Além disso, o risco de isolamento diplomático também cresce. O Brasil já vinha sendo pressionado por questões comerciais, como incentivos ao Pix e regulamentações digitais locais. Agora, o fator guerra transforma a disputa em um embate moral: quem continuar negociando com Putin será punido.

Por fim, o tom adotado por Graham é um sinal claro da linha que deve predominar caso Trump retorne à Casa Branca. Não se trata apenas de proteger interesses econômicos dos EUA, mas de impor sua agenda global mesmo aos países que não estão diretamente envolvidos no conflito.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.