A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) declarou nesta segunda-feira (23) que a alta do dólar está elevando os custos das importações, indicando que o aumento do preço da farinha “será inevitável”.
“O significativo aumento da cotação do dólar segue impactando diretamente a indústria moageira nacional”, afirmou a Abitrigo em nota oficial. Segundo o presidente-executivo da Abitrigo, embaixador Rubens Barbosa, essa elevação no câmbio “teve e continuará tendo impacto no preço do trigo e da farinha”. A associação não especificou percentuais de aumento.
O dólar subiu quase 28% em relação ao real no acumulado do ano até esta segunda-feira, chegando a R$ 6,19, próximo das máximas históricas da semana passada de R$ 6,26.
Além do fortalecimento do dólar, que amplia os custos para um setor que importa parte de suas necessidades, a indústria de trigo do Brasil enfrenta uma safra de qualidade inferior em algumas regiões do país, afetada por chuvas excessivas no Rio Grande do Sul. A colheita reduzida no Paraná devido a outras intempéries também favorece o aumento das importações de trigo pelo Brasil em 2024, conforme indicado pela Abitrigo.
Importação em alta
De janeiro a novembro, o Brasil importou 6,1 milhões de toneladas de trigo, um aumento de 62% em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados do governo. No ano-safra 2024/25 (agosto/julho), as importações do cereal pelo país devem crescer quase 9%, atingindo mais de 6 milhões de toneladas, o maior volume em cinco anos, em meio a problemas climáticos nos principais estados produtores de trigo, estimou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no início do mês.
No mercado interno, base Paraná, o preço do trigo está em torno de R$ 1.400 por tonelada desde setembro, segundo o indicador do Cepea/Esalq, após cair de mais de R$ 1.500 por tonelada com o início da colheita no estado.
O Brasil, que ainda depende da importação de trigo para complementar sua produção interna, enfrentou um “cenário desafiador em 2024, marcado por volatilidade nas cotações internacionais, adversidades climáticas e uma expressiva redução na produção nacional”, afirmou a Abitrigo.
“Esses fatores, combinados com a valorização do dólar, já estão sendo refletidos nos custos dos moinhos, aumentando a pressão sobre toda a cadeia produtiva e indicando que o aumento da farinha de trigo será inevitável”.
concluiu o comunicado.