O mercado de veículos elétricos (VEs) nos Estados Unidos experimentou um impulso no quarto trimestre de 2024, com as vendas crescendo 12% em comparação ao trimestre anterior. Isso elevou o total de unidades comercializadas no ano para 1,3 milhão, superando as expectativas do setor, conforme os dados da Cox Automotive. O aumento nas vendas surge após um ano de desempenho misto, com um crescimento de apenas 8% no terceiro trimestre, e foi impulsionado por uma combinação de fatores econômicos e políticas públicas, incluindo ameaças feitas pelo presidente eleito Donald Trump.
Com a promessa de eliminar o crédito fiscal de US$ 7.500 para veículos elétricos, Trump desencadeou uma onda de compras antecipadas entre os consumidores, temerosos de que as opções de VEs se tornassem ainda mais inacessíveis em 2025. A decisão de Trump de cortar os incentivos fiscais e sua postura contra as políticas de veículos elétricos do presidente Joe Biden ajudaram a aumentar as vendas, criando um “senso de urgência”, como afirmou Jonathan Smoke, economista-chefe da Cox Automotive, durante uma teleconferência com jornalistas em dezembro.
O total de vendas de carros nos EUA para 2024 atingiu 15,9 milhões, um aumento em relação aos 15,5 milhões de unidades do ano anterior, o que reflete um crescimento mais amplo no mercado automotivo. No entanto, as vendas de VEs representam cerca de 8% do mercado geral de carros, um pequeno aumento em relação ao ano passado.
Apesar do crescimento, o mercado de veículos elétricos continua sendo desafiado por altos preços e a falta de infraestrutura de carregamento. A JD Power apontou que o preço médio de transação para veículos novos foi de US$ 46.258, com os VEs apresentando um custo ainda mais elevado. Os compradores de VEs se beneficiaram de um desconto médio de US$ 5.600 com o crédito fiscal atual, mas sem esse incentivo, a demanda poderia cair até 27%, segundo economistas.
O impacto das políticas de Trump vai além do crédito fiscal. O presidente eleito também ameaçou tarifas de importação ao Canadá e ao México, parceiros-chave na cadeia de suprimentos automotivos dos EUA, o que poderia resultar em aumento de preços nos veículos. As montadoras, como General Motors, Hyundai e Ford, estão se adaptando, com algumas priorizando os híbridos, enquanto outras, como a Stellantis, adiaram o lançamento de novos modelos elétricos.
A Tesla continua sendo a líder no mercado de veículos elétricos, mas registrou sua primeira queda anual nas vendas em mais de uma década. Em contraste, os SUVs elétricos de marcas como GM, Honda, Hyundai e Kia tiveram um desempenho positivo, especialmente no último trimestre de 2024. A General Motors, com seu modelo Chevrolet Bolt, e a Ford, com o Mustang Mach-E, estão ganhando participação de mercado, conforme dados da JD Power.
Embora os desafios sejam grandes, as montadoras estão se ajustando para garantir que seus portfólios atendam à demanda crescente por opções mais acessíveis. A Hyundai anunciou planos de expandir sua linha de híbridos, enquanto a Ford se comprometeu a lançar versões híbridas de todos os seus modelos até 2030. De acordo com a GlobalData, fabricantes que adotarem uma estratégia diversificada de híbridos e elétricos estarão melhor posicionados para 2025.
Com uma média de 8% de participação de mercado no total de veículos nos EUA, os carros elétricos ainda enfrentam obstáculos significativos. No entanto, as mudanças políticas e os ajustes das montadoras indicam que o setor está se preparando para um futuro mais competitivo e adaptável.
A Bloomberg destaca que, embora o cenário atual favoreça a pressão para as compras de VEs, os desafios relacionados aos preços, políticas fiscais e infraestrutura precisam ser superados para garantir a expansão sustentável do mercado de veículos elétricos nos próximos anos.