- Desafios para 2025: Lula foca em superar obstáculos políticos e econômicos para fortalecer sua imagem
- Comunicação e mudanças: Governo investe em melhorias na comunicação e reforma ministerial
- Fiscal e segurança: Lula trabalha para acalmar o mercado e prioriza a segurança pública
Dois anos após retornar ao Palácio do Planalto para seu terceiro mandato, o presidente Lula tem plena consciência dos desafios que ainda precisa superar para garantir um governo de resultados.
Em entrevistas e conversas com seus ministros e auxiliares, Lula tem reiterado que 2025 será o “ano da colheita”. Em que espera colher os frutos das ações e políticas implantadas no início de seu mandato.
Para que isso aconteça, no entanto, ele sabe que terá de enfrentar uma série de obstáculos. Especialmente no campo político-econômico, organizacional e de comunicação.
Aprovado para reeleição
O presidente ainda é apontado como favorito em uma possível candidatura à reeleição em 2026, mas reconhece que sua imagem junto à população não reflete os avanços que seu governo acredita ter alcançado até agora.
Uma pesquisa realizada pela Quaest, divulgada em dezembro, revelou que 46% dos brasileiros consideram que o Brasil está indo na direção errada. Enquanto 43% pensam o contrário.
Além disso, 41% dos entrevistados afirmam ter visto mais notícias negativas do que positivas sobre o governo. E, 40% acreditam que a economia piorou, um índice bem acima dos 27% que apontam melhorias.
Metas e conquistas
Uma das principais metas de Lula para 2025 é melhorar a comunicação de seu governo.
Embora o PT tenha grandes dificuldades para disputar o debate com a oposição, especialmente com o ex-presidente Jair Bolsonaro, a atual gestão enfrenta críticas por uma comunicação ineficaz.
Para melhorar esse cenário, o presidente já iniciou uma série de mudanças em sua equipe. Incluindo a substituição de Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom). O publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha de 2022, é um dos nomes cotados para assumir o posto e tornar os discursos de Lula mais assertivos.
Um exemplo disso foi o pronunciamento de Natal, em que o presidente evitou falar sobre temas espinhosos da economia. E, sob orientação de Palmeira, focou em um discurso mais genérico sobre democracia e harmonia entre os poderes.
Apesar das dificuldades na comunicação, Lula pretende diminuir o ritmo de compromissos públicos. Contudo, devido a restrições médicas após a retirada de um hematoma no cérebro.
Durante esse período, ele apostará mais em entrevistas a emissoras de rádio e mensagens em redes sociais.
Agenda econômica
Outro obstáculo significativo que Lula enfrenta é o campo fiscal. A desconfiança dos mercados sobre o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal aumentou nos últimos meses. Especialmente após o anúncio do pacote fiscal de novembro, que não agradou os investidores.
O dólar disparou, chegando a R$ 6,30 em dezembro, o que forçou o Banco Central a intervir no mercado de câmbio.
Para compensar a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), que começará em 2026, o governo propôs a taxação de lucros e dividendos superiores a R$ 50 mil por mês. Porém, a medida gerou um sentimento de insegurança nos mercados.
E, ainda, analistas econômicos alertaram para o risco de uma “dominância fiscal”. Onde a política monetária perde eficácia diante da deterioração das contas públicas.
Em resposta, o governo busca transmitir confiança, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Dessa forma, reafirmando que novas medidas de austeridade serão tomadas, caso necessário.
O próprio Lula garantiu, em suas redes sociais, que as instituições brasileiras trabalham com responsabilidade fiscal, num esforço para acalmar os agentes econômicos.
Reformas e segurança pública
O governo Lula também enfrenta desafios na implementação de reformas, principalmente na área tributária.
Após a aprovação da reforma sobre o consumo, a equipe econômica se dedica agora à reformulação do Imposto de Renda. Contudo, com a proposta de isentar do IR quem recebe até R$ 5 mil por mês. A medida gerou críticas, e o governo adiou o envio do projeto ao Congresso para refazer cálculos e ajustes.
Além disso, a segurança pública é uma preocupação crescente para o governo, com a violência em alta no país. Em resposta, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, propôs uma nova Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca modernizar a segurança pública e integrar mais o governo federal no combate à criminalidade.
O governo também publicou um decreto que estabelece novas regras para o uso da força pelos policiais em todo o Brasil, visando a valorização dos profissionais de segurança e o respeito aos direitos humanos.
Lula, portanto, tem pela frente um ano de 2025 repleto de desafios, mas também de oportunidades para consolidar sua imagem e alcançar os resultados necessários para garantir a continuidade de seu projeto político.
A gestão econômica, as reformas estruturais e a comunicação eficaz serão essenciais para que o presidente consiga pavimentar o caminho rumo à reeleição em 2026.