
- Itaú oferece até 10 salários extras para demitidos em home office.
- Sindicato considera proposta positiva, mas critica a condução dos cortes.
- Monitoramento digital gerou polêmica e reacendeu debate sobre teletrabalho.
O Itaú Unibanco (ITUB4) ofereceu indenizações que podem chegar a dez salários adicionais para cerca de mil funcionários demitidos em setembro, após acusação de baixa produtividade no home office. A proposta foi apresentada em negociação mediada pelo TRT da 2ª Região e será analisada em assembleia nesta quinta-feira (9).
A medida tenta reduzir a pressão judicial e encerrar um impasse que vinha mobilizando trabalhadores e sindicatos. O banco, no entanto, rejeitou a reintegração dos dispensados, ponto que havia sido reivindicado desde o início.
Proposta financeira para os demitidos
O pacote prevê uma parcela fixa de R$ 9 mil, o pagamento da 13ª cesta-alimentação e um adicional variável. Para quem trabalhou até 23 meses no banco, o cálculo é de quatro pisos salariais. Já os funcionários com mais de dois anos de casa terão direito a seis pisos mais meio salário por ano de serviço, limitado a dez salários extras.
A adesão ao acordo será individual e deverá ocorrer em até seis meses. Se aprovarem o benefício, ele aliviará imediatamente o impacto financeiro de quem a empresa desligou.
Segundo a presidente do sindicato, Neiva Ribeiro, apesar de avaliar a proposta como positiva, a mobilização continuará em torno da regulamentação do home office e das ferramentas de monitoramento utilizadas pelo banco.
Gestão define critérios dos cortes
Os desligamentos ocorreram após quatro meses de monitoramento digital. Softwares como o xOne analisaram tempo de uso de computadores, participação em reuniões e registros de horas extras. De acordo com o Itaú, havia casos em que funcionários apresentavam 20% de atividade digital diária e, ainda assim, registravam horas extras.
O banco afirma que o processo não foi uma demissão em massa, mas sim “desligamentos plúrimos” baseados em critérios individuais. Ainda assim, sindicalistas e trabalhadores apontam falhas na avaliação e questionam os resultados.
A lista inicial incluiu cerca de 2 mil nomes, mas metade dos envolvidos conseguiu justificar os números com explicações sobre funções, equipamentos usados ou questões de saúde. Os demais acabaram sendo dispensados, mesmo em casos de metas cumpridas e promoções recentes.
Debate sobre teletrabalho e monitoramento
O episódio abriu espaço para um debate mais amplo sobre o futuro do home office no setor financeiro. Para advogados trabalhistas, a fiscalização do teletrabalho é legal quando prevista em contrato e devidamente comunicada aos empregados.
Mesmo assim, críticos afirmam que o uso dos dados gerou injustiças e comprometeu a confiança no modelo remoto. Muitos relatam que participaram de longas reuniões virtuais que o sistema não contabilizou adequadamente.
O Itaú mantém a posição de que os critérios adotados estavam alinhados à legislação brasileira e às suas próprias políticas internas. Ainda assim, a repercussão expôs a fragilidade do modelo de controle em larga escala.