As ações da Tesla enfrentam um novo inimigo: o sono de Musk

Elon Musk voltou a dormir no escritório da Tesla, e o fato, longe de ser apenas uma excentricidade, está provocando inquietação no mercado financeiro. Em meio à divulgação dos resultados do segundo trimestre, o bilionário revelou que tem passado as noites nas instalações da empresa, justificando que seus filhos estão fora e que isso permitiria mais tempo de trabalho. Mas para analistas e investidores, a pergunta que se impõe é outra: até que ponto a exaustão do CEO pode prejudicar a performance da Tesla?

O sono de Elon Musk tirará o sono dos investidores?

O episódio revive memórias de períodos anteriores em que Musk adotou a mesma prática, especialmente durante o lançamento do Model 3 em 2018. Na ocasião, o excesso de carga de trabalho foi visto como sintoma de uma gestão centralizadora e instável. Agora, o cenário é mais complexo. As vendas da Tesla caíram 13% no segundo trimestre de 2025, acendendo o alerta vermelho para a saúde operacional da companhia. A Tesla também enfrenta pressões crescentes para provar que ainda consegue inovar e gerar lucros robustos num mercado cada vez mais competitivo.

Além do desgaste pessoal de Musk, há preocupações sobre governança. Grandes fundos e investidores institucionais têm cobrado maior comprometimento do executivo com uma rotina mais estável e menos imprevisível. Um grupo de acionistas, liderado por fundos de pensão, chegou a exigir que Musk cumpra ao menos 40 horas semanais dedicadas exclusivamente à Tesla, sem dispersar sua atenção com outras empresas como SpaceX, X (ex-Twitter) ou Neuralink.

A proximidade da divulgação de resultados aumenta a tensão. Wall Street espera sinais concretos sobre o plano de robotáxis em Austin, o cronograma do novo modelo popular e uma recuperação nas margens de lucro. No entanto, o mercado teme que Musk use a imagem de “herói cansado” para desviar o foco de números que podem decepcionar.

A estratégia de comunicação do empresário, embora eficiente para reforçar sua imagem de líder comprometido, pode se voltar contra ele. A insistência em mostrar dedicação absoluta, ainda que à custa do próprio sono, levanta questionamentos sobre clareza estratégica e capacidade de delegação. Para alguns analistas, isso indica que a Tesla ainda depende demais de Musk — e isso não é visto como um bom sinal para uma empresa avaliada em centenas de bilhões de dólares.

Outro ponto de crítica é o comportamento errático do executivo em redes sociais. Nas últimas semanas, ele fez promessas ousadas sobre avanços em inteligência artificial e condução autônoma, mas sem apresentar evidências concretas. A combinação de anúncios grandiosos e performance financeira pressionada gera volatilidade para as ações, que já acumulam perdas relevantes no ano.

Equilíbrio como líder

Os investidores, especialmente os mais conservadores, buscam garantias de que Musk está equilibrando seu papel de líder visionário com as exigências da gestão de uma gigante global. A permanência prolongada no escritório, apresentada como sinal de esforço, pode estar sinalizando outra coisa: uma tentativa de controlar pessoalmente uma empresa que enfrenta dificuldades operacionais e pressão crescente da concorrência chinesa.

No fim das contas, o que o mercado espera não é um CEO dormindo no chão de uma fábrica, mas alguém desperto o suficiente para conduzir a Tesla rumo a resultados mais sólidos, inovação com viabilidade e decisões que inspirem confiança. A atenção agora se volta para a divulgação de resultados e, principalmente, para o tom que Musk adotará diante de investidores e analistas.

Resumo final:

• Elon Musk voltou a dormir no escritório da Tesla, reacendendo preocupações sobre fadiga e governança.
• Queda nas vendas e promessas não cumpridas pressionam ações e aumentam a exigência por foco e resultados concretos.
• Investidores esperam sinais claros de que a Tesla pode avançar mesmo com um CEO sobrecarregado.