
- Bradesco BBI destaca ações com desempenho fraco em 2025, mas com alto potencial diante da queda de juros e do cenário eleitoral.
- Rumo, Hapvida, Raia Drogasil e MRV são alguns dos nomes com recomendação de compra e ligação forte com a economia interna.
- Empresas menores dominam a lista, e analistas veem espaço para valorização acima da média no segundo semestre.
Com o Ibovespa acumulando alta de quase 30% em dólares neste ano, o foco dos investidores começa a mudar. Agora, o Bradesco BBI aponta para ações que ficaram esquecidas no primeiro semestre, mas podem se valorizar com força a partir de julho.
Esses papéis, segundo o banco, reúnem características favoráveis para o cenário que se desenha: sensibilidade a cortes de juros e exposição direta ao mercado doméstico. O banco analisou 19 empresas que não acompanharam o rali da bolsa em 2025, mas que têm fundamentos capazes de gerar ganhos relevantes até o fim do ano.
Oportunidades fora do radar
O levantamento do BBI identificou ações com desempenho abaixo do Ibovespa, dos pares setoriais e da própria carteira do banco. Além disso, foram considerados critérios como alta sensibilidade ao ciclo de juros e múltiplos atrativos, especialmente o índice Preço/Lucro elevado, que funciona como uma proxy de duration.
Os analistas destacam que muitas dessas ações são de empresas com valor de mercado abaixo de US$ 5 bilhões. São negócios ainda pouco acompanhados por estrangeiros, mas com grande potencial de valorização em ciclos de afrouxamento monetário. Isso porque os lucros dessas companhias respondem rapidamente à queda nos juros.
Segundo o relatório, essa cesta de papéis caiu 6% no ano, enquanto o Ibovespa subiu 28% e a carteira recomendada do banco avançou 30%. A discrepância chama atenção e, para o BBI, representa uma chance de entrada em ativos descontados, com espaço para recuperação à medida que os catalisadores econômicos se confirmem.
Nomes promissores na lista
Entre os destaques da lista estão Rumo (RAIL3), Raia Drogasil (RADL3) e Hapvida (HAPV3). Todas receberam recomendação outperform, o que indica expectativa de desempenho superior ao do mercado. Essas empresas atuam em setores diretamente ligadas à atividade doméstica e tendem a se beneficiar de juros menores.
Além delas, outras companhias com perspectiva positiva incluem Raízen (RAIZ4), MRV Engenharia (MRVE3), Randon (RAPT4), GPS Participações (GGPS3) e Natura (NTCO3). Todas são sensíveis a crédito e à retomada do consumo, e devem surfar a melhora do ambiente econômico no segundo semestre.
Por outro lado, o BBI recomenda cautela com ações como Ambev (ABEV3), Klabin (KLBN11), WEG (WEGE3) e Cia Siderúrgica Nacional (CSNA3). Apesar de estarem entre as que tiveram desempenho fraco, essas empresas receberam classificação neutra, pois dependem mais de fatores externos e de recuperação lenta.
Riscos no caminho
Apesar do potencial de valorização, os analistas alertam para riscos que podem afetar o cenário. A manutenção de juros altos por mais tempo, por exemplo, pode adiar a retomada de setores como construção, consumo e logística. Além disso, o ambiente eleitoral pode trazer incertezas, dependendo do rumo das campanhas e dos discursos econômicos dos candidatos.
Outro ponto relevante é a execução fiscal do governo. Caso o risco-país volte a subir ou se o real se desvalorizar, parte dos ganhos projetados pode ser anulada. Ainda assim, o BBI considera que o atual momento representa uma janela de entrada atrativa para quem busca assimetrias de preço e aposta em recuperação gradual.
Os especialistas lembram que, historicamente, ciclos de valorização da bolsa brasileira costumam ocorrer em ondas. O primeiro movimento costuma beneficiar os papéis mais líquidos e tradicionais. O segundo, como agora, tende a favorecer empresas menores e menos cobertas, que ainda estão baratas frente aos pares.
Por que o investidor deve ficar atento
A valorização expressiva das ações brasileiras nos últimos meses acendeu o alerta: as oportunidades fáceis ficaram para trás. Agora, é preciso procurar valor onde o mercado ainda não enxergou. É nesse contexto que a carteira “esquecida” do BBI ganha destaque.
Com fundamentos sólidos e potencial represado, essas ações representam uma aposta contrária ao consenso do primeiro semestre. Para investidores com apetite de risco moderado e visão de médio prazo, pode ser a hora certa de reposicionar a carteira.
O próprio BBI reconhece que sua seleção ficou atrás do índice de small caps, que subiu 40% no ano. No entanto, os analistas argumentam que essa nova cesta é mais sensível ao momento atual da economia e pode liderar a próxima perna de alta no mercado brasileiro.